Para o presidente do Conselho Regional de Medicina de São Paulo, (Cremesp), Luiz Alberto Bacheschi, em 75% dos casos de anencefalia, o feto morre dentro do útero, ou seja, antes da fase final de gestação. Em 25% das ocorrências, os bebês são natimortos (morrem após a 20; semana de gestação) ou tem vida vegetativa inferior a 24 horas. Excepcionalmente, ultrapassam 48 horas de vida.
O neurologista alertou ainda que a má formação da parte superior do cérebro do feto causa problemas para a gestante e pode gerar um quadro de eclampsia, caracterizada por convulsões, agitação intensa e perda da consciência. ;É uma condição de risco para a mulher também. A interrupção é uma forma de protegê-la;, disse Bacheschi
O presidente do Grupo de Estudos sobre o Aborto (GEA), o geneticista Thomaz Gollop, afirmou que é impossível a sociedade chegar a um acordo quanto ao direito de a mulher interromper a gravidez quando a anencefalia do feto é detectada. ;Jamais, país nenhum no mundo consegue consenso sobre isso, porque é uma questão de autonomia, de direito individual;, disse.
A representante do Ministério da Justiça, Paula Albuquerque Leal, disse que o assunto é polêmico pelo seu grau de complexidade. ;Esse debate é permeado por questões religiosas, mas não podemos perder de vista os direitos individuais;.
A diretora da Ipas Brasil, organização não governamental que trata dos direitos reprodutivos das mulheres, Leila Adesse, disse que nos casos de anencefalia do feto deve-se pensar na situação da gestante, que têm consciência de que o filho não irá sobreviver. ;As mulheres estão sofrendo porque não têm direito a interromper a gravidez. E mesmo que o profissional de saúde queira ajudar, ele acaba esbarrando na lei;, afirmou.