Jornal Correio Braziliense

Brasil

Governo anuncia a criação de 6 mil vagas para tratar viciados em crack

Mas há dúvidas sobre a eficácia dos locais em casos mais graves

;Todos os números sobre o crack publicados no Brasil são chutes;. A afirmação do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, ressalta a dificuldade do combate à droga no país. Se a tese de Temporão é verdadeira, os gargalos se tornam ainda mais complexos na tentativa de encontrar a melhor maneira de tratar e recuperar os dependentes do subproduto da cocaína. Em solenidade no Palácio do Planalto, ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou medidas que podem amenizar uma das principais carências apontadas por especialistas: a falta de locais adequados para receber as pessoas viciadas em crack e em outras drogas. O governo federal divulgou a abertura de editais para que os municípios possam criar mais 6.120 leitos em território nacional.

Os cerca de R$ 140 milhões para a ampliação e a qualificação dos serviços, somados aos R$ 64 milhões para a abertura dos leitos divulgados, no entanto, não serão investidos em unidades apropriadas para os pacientes que não passaram por uma fase inicial do tratamento para diminuir a dependência química, de acordo com o psiquiatra e presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead), Carlos Salgado. Do total de leitos, 3.620 serão destinados a instituições como os Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD) e as Casas de Acolhimento Transitório. Os outros 2,5 mil leitos públicos serão criados em comunidades terapêuticas, articuladas com a rede dos Sistemas Único de Saúde (SUS) e de Assistência Social (SUAS). Para Salgado, esses locais são mais eficientes no acompanhamento de pacientes em estágios menos perigosos, com a motivação para largar o vício mais consolidada.

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, fala sobre as novas medidas de combate às drogas e tratamento de dependentes químicos


;Em um primeiro momento, quando esses dependentes são retirados das ruas ou de locais próximos aos fornecedores de drogas, eles precisam de uma internação em ambiente protegido, com atenção médica mais intensa e equipamentos mais sofisticados. Só assim podem resistir àquele primeiro impulso de querer voltar às substâncias;, afirma Salgado. ;Toda e qualquer ampliação do número de leitos e de investimentos é bem-vinda e vão atender à demanda de outros indivíduos, mas não dos casos mais graves. Mais. O número de vagas anunciados, infelizmente, nem de longe é suficiente;, completa o presidente da Abead.

Além dos novos leitos, o governo anunciou a criação de 30 Centros Regionais de Referência de Formação Permanente e outras 50 unidades do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde, que vão capacitar os profissionais que atuam nas redes de assistência social a usuários de drogas.