Jornal Correio Braziliense

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Roubo de R$ 45 milhões foi ação com planejamento minucioso

Para a polícia, criminosos que roubaram a Embraforte são bastante experientes e levaram vários meses acompanhando as vítimas e planejando o crime

A ação planejada dos criminosos é um desafio para a Polícia Civil, que tem dezenas de policiais trabalhando no caso. Para investigadores mais experientes, os bandidos levaram alguns meses detalhando a rotina dos funcionários sequestrados e como seria a abordagem à transportadora de valores. O bando conhecia a rotina de todos e tinha até fotos das fachadas das casas das três pessoas que foram sequestradas, o tesoureiro Maurício José Moreira, de 55 anos, o também tesoureiro Carlos Roberto Santiago, de 35, e o chefe de segurança Alexandre Diniz Oliveira, de 34.

O primeiro a ser capturado foi Maurício, que mora no Bairro Califórnia, na Região Noroeste da capital. Ele foi rendido em casa, por volta das 18h de sexta-feira. Os assaltantes, bem vestidos, se apresentaram como agentes da Polícia Federal, mostraram brasões da PF e afirmaram que estavam investigando uma operação para investigar esquema de fraudes na empresa. Em seguida, esperaram a chegada de Carlos Roberto, que é vizinho de porta e cunhado de Moreira. Além de Santiago, os bandidos dominaram a esposa, a mãe e um tio do tesoureiro.

Em seguida, o grupo se dirigiu para o Bairro Sagrada Família, na Região Leste da cidade, onde sequestraram Alexandre Diniz. A mulher e o filho do coordenador de segurança, também foram levados, como forma de intimidar os funcionários a colaborar com o plano, pois, do contrário, os parentes seriam assassinados.

De acordo com a polícia, a escolha das vítimas não foi aleatória. Os dois tesoureiros tinham as senhas que permitiriam a abertura do cofre, enquanto o coordenador de segurança conhecia a rotina dos vigilantes e seria o único capaz de desarmar um esquema de reação ao ataque dos criminosos.

Óculos pretos

Os reféns foram obrigados a usar óculos pintados de preto durante o trajeto até o sítio. Eles informaram que os homens tinham sotaque carioca e paulista. A polícia suspeita que os sequestros tenham sido feitos simultaneamente e por grupos distintos. Alexandre Diniz teria relatado que, ao chegar ao sítio, os outros reféns já estavam lá.

Mantidos em cárcere privado durante a noite e sob constantes ameaças psicológicas no sítio, mas sem agressões físicas, os reféns viveram alguns momentos de pânico. Ao sair da sede da Embraforte, na tarde de ontem, depois de ser ouvido pela polícia, Alexandre Diniz desabafou para os jornalistas: ;vocês não sabem o que é ver alguém do seu lado com uma granada presa à cintura;.

A polícia apurou que os criminosos levaram Alexandre e Carlos Roberto para a sede da empresa, para praticar o assalto. Maurício ficou no sítio, junto aos outros reféns, pois já havia fornecido sua senha para a quadrilha. Alexandre foi transportado em um Corola prata, acompanhado por três ladrões armados, e Carlos seguiu com outro grupo em um caminhão-baú, modelo F-4000, de cor bege, com placa fria.

Os carros foram estacionados em uma rua próxima à sede da empresa e só entraram no galpão depois que todos os funcionários estavam dominados e não havia mais perigo de reação. Os bandidos levaram o computador onde ficam armazenadas as imagens do circuito interno de câmeras de segurança. Não foi confirmado se as armas usadas pelos vigilantes da empresa também foram roubadas.