Rio de Janeiro - Mais de três a cada dez meninas (35,8%) do 9; ano do ensino fundamental que se acham gordinhas estão dentro do peso adequado. É o que revela a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
Divulgado hoje (27), o levantamento feito com 60 mil alunos mostra que as estudantes estão mais preocupadas com as medidas que os rapazes. Em relação aos rapazes que se acham gordos, 21,5% estavam dentro das medidas adequadas para idade e altura.
A pesquisa também revela que entre as crianças que fizeram alguma coisa para reduzir as medidas, 51,5% das meninas estão dentro do estado nutricional assim como 29,8% dos meninos.
A psicóloga Rachel Moreno alerta que a mídia e os pais são responsáveis por impor um padrão de beleza às meninas, que tentam atingi-lo a todo custo, o que dá origem a uma série de distúrbios, como a anorexia e a bulimia.
"Há a difusão desse modelo em que as mulheres estão cada vez mais magras, loiras, brancas e de cabelo liso. As meninas são bombardeadas com essas imagens o tempo todo e isso influencia no que elas querem ser", afirma Moreno, autora do livro Beleza Impossível.
Do lado dos estudantes que nada fizeram para ganhar ou perder medidas, 14,4% dos meninos estavam gordinhos e 12%, gordinhas.
"Esta percepção da imagem corporal que o adolescente tem de si mesmo, em muitos casos, é permeada de distorções e insatisfações. Isto pode ser um fator de risco à saúde em virtude das atitudes tomadas em relação ao corpo, à alimentação e à atividade física", alerta o texto.
Um extrato da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009 divulgada hoje constatou que 8,3% das mulheres entre 20 e 24 anos estão desnutridas no país, enquanto 48% têm excesso de peso.
"O problema do Brasil é uma combinação de obesidade precoce, afinal de contas, as crianças ficam na frente da televisão comendo alimentos altamente calóricos como biscoitos, e a imposição de um modelo que acentua a magreza. São dois extremos", destacou a psicóloga.