A queda na concentração de renda no país, verificada no período mais recente da história brasileira, não levou a um equilíbrio territorial na geração de riqueza. Ainda é gritante a desigualdade entre os municípios nesse quesito. Para se ter ideia, enquanto o grupo 1% mais rico participa com 47% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, os 40% mais pobres respondem por 4,7%. Tal disparidade, apontada ontem em estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), precisa ser combatida por meio de investimentos descentralizados, avalia Márcio Pochmann, presidente da entidade. Os dados mostram que a concentração de renda, com base nos PIBs das cidades, manteve-se estável entre os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e de Fernando Henrique Cardoso. A informação mais recente é de 2007.
Os 556 municípios considerados os 10% mais ricos do país contribuíram com 78,1% do PIB brasileiro tanto em 1996, início do governo tucano, quanto em 2007, já na gestão petista. Por outro lado, a participação dos 40% mais pobres teve aumento irrisório, de 4,6% para 4,7%, no mesmo período. ;Não houve mudanças significativas a ponto de alterar a configuração dos municípios no que diz respeito à geração de riqueza;, constata Pochmann. Presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski destaca que essa concentração territorial de produção só se dará quando temas espinhosos no Congresso Nacional forem discutidos, como a reforma tributária e a política industrial nacional.
Márcio Pochmann, presidente do Ipea, fala sobre desigualdade de renda entre os municÃpios brasileiros