A Associação Médica Brasileira (AMB) vai divulgar na próxima segunda-feira a Carta de Brasília, síntese dos debates do encontro de entidades médicas que durou três dias e terminou ontem. O documento será encaminhado aos Três Poderes e aos principais candidatos à Presidência da República. Uma das propostas defendidas é a criação da carreira de Estado do médico, prevista na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 454, que tramita no Congresso Nacional.
Outros pontos que vão constar da carta serão mais recursos para o Sistema Único de Saúde (SUS), o melhor aparelhamento da rede pública, o aumento salarial para os profissionais de saúde e a maior qualificação profissional do médico
Para o presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), Cid Carvalhaes, é preciso melhorar a qualidade da formação desses profissionais, com o estabelecimento de normas mais rígidas para a abertura de faculdades de medicina, cuja aprovação, segundo ele, precisa ter o aval das entidades médicas. Outra preocupação do setor é a deficiência de instalações para acomodar os médicos residentes nos hospitais. O encontro em Brasília discutiu também a necessidade de eles passarem por aperfeiçoamento continuado.
As condições de trabalho no SUS são muito ruins, de acordo com Carvalhaes, e ações para melhorar o quadro também estão entre as reivindicações das entidades médicas. Para o presidente da Fenam, há consenso entre as entidades públicas e privadas quanto à necessidade de melhora no atendimento à população na área de saúde, e para isso é necessário fortalecer os programas da área e melhorar as condições técnicas e materiais.
Carvalhaes disse que não há desinteresse dos médicos em trabalhar nas pequenas cidades. "Eles apenas precisam ter condições para trabalhar. Ali não há deficiência só na área de saúde. Faltam também farmacêutico, juiz, supermercado e tudo mais, por isso colocar culpa no médico não é justo."