A data comemorativa de hoje é sugestiva: o Dia Internacional do Orgasmo. Concebida há oito anos por lojas de sex shop da Inglaterra para discutir a sexualidade feminina e esquentar as vendas nesse tipo de estabelecimento, a celebração tinha outra meta na época em que foi criada: diminuir o grau de insatisfação das inglesas em relação ao sexo. Pesquisas locais apontavam que cerca de 80% das britânicas não atingiam o clímax durante o ato sexual.
No Brasil, as estatísticas são bem menos acentuadas, mas isso não significa que o tema deixe de instigar os brasileiros. Pesquisas realizadas pelo Projeto Sexualidade, do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP), revelam que a preocupação em torno do prazer supera até mesmo os cuidados com a saúde: 55,9% dos homens temem não satisfazer a companheira, enquanto 44% têm medo de contrair doenças sexualmente transmissíveis.
O receio masculino é respaldado por números. Levantamento dos pesquisadores da USP em 2003 revela que 26% das brasileiras têm a chamada disfunção orgástica, ou seja, a dificuldade de alcançar o orgasmo, ou sua total ausência. O percentual masculino é de aproximadamente 4%.
Uma das fundadoras do Projeto Sexualidade, a psiquiatra Carmita Abdo destaca que, para superar as dificuldades em se chegar ao orgasmo, uma das abordagens tem que ser a busca por um momento íntimo com o próprio corpo. "É importante que a mulher busque se conhecer. Assim, ela pode comunicar para o parceiro sobre suas preferências. Mas a indicação é que ela respeite seu próprio ritmo. Não dá para exigir algo que não condiz com a fase de sua vida", afirma a especialista. Segundo a pesquisadora, um terço das brasileiras nunca se tocou, e dois terços acham a prática desconfortável.