Um movimento que começou há treze anos com cinco dezenas de pessoas que decidiram ousar e sair às ruas num grito contra a violência e a discriminação, levou mais de 100 mil pessoas, neste domingo, segundo estimativas preliminares da Polícia Militar e dos organizadores da "Parada Gay" às ruas da Capital Mineira. Foi um dia de festa na cidade, mas também um movimento político.
O "Dia do Orgulho Gay" de BH é considerado um dos mais politizados de todo o país. "Mesmo sendo um movimento alegre, tratamos de temas políticos como a descriminalização e contra a discriminação do público gay. Foram muitas as conquistas depois que passamos a dar visibilidade à nossa condição, inclusive ganhando apoio efetivo entre políticos e pessoas hetero", reconhece Carlos Bem, do Movimento Gay da Região das Vertentes, sediado em São João Del Rei. Aproveitando-se do ano eleitoral, o movimento levantou a bandeira da "ficha limpa da homofobia", um voto naqueles políticos que além de não terem problemas com a justiça, defendam a causa em suas respectivas casas legislativas e no Executivo: "Há 15 anos transita no Congresso projeto de lei que pune a discriminação, entretanto ele não caminha devido à ação de políticos conservadores e ligados ao fundamentalismo religioso", reclama Carlos Magno, coordenador geral da parada.
A novidade neste ano foi grupo de participantes de duas igrejas evangélicas de Belo Horizonte direcionada ao público gay. Segundo Paulo César do Grupo Celus, isso acontece apenas porque as demais igrejas "são excludentes e obriga àqueles que querem frequentar um templo religioso sem deixar a sua condição sexual a ter um local só para eles." A concentração começou no final da manhã na Praça da Estação e às 16h30, como manda a tradição, a bandeira do arco-íris, que representa a causa abriu a passeata em direção a região da Savassi, subindo pela Rua da Bahia e Avenida Afonso Pena.
O bom humor prevaleceu e não foram registrados graves incidentes. Houve apoio da Prefeitura, Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros. O único imprevisto foram as árvores na Rua da Bahia, que não foram podadas para dar passagem aos grandes caminhões trios elétricos, obrigando os motoristas e participantes a manobras perigosas.
As barraquinhas montadas na praça venderam muito e os bares no entorno permaneceram completamente lotados durante todo o dia. Criativas, as fantasias chamaram a atenção do público, como a de Edir Medeiros, toda em rosa, batizada como a Deusa Fênix e do trio Vandera Lis, fantasiada de "Bombricha" acompanhada pelas amigas Kyaliss e Kawane La Belle. Crianças, idosos, gente de todas as idades marcaram presença ao som dos quatro trios elétricos e com muita irreverência.