Rio de Janeiro - Catadores de lixo de vários municípios do estado do Rio de Janeiro fizeram hoje (22/7) uma manifestação no centro da capital fluminense para marcar o início do 2; Congresso Estadual do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis. O encontro vai até domingo (25/7) e, segundo os organizadores, busca discutir o cumprimento das leis voltadas à categoria e a construção de políticas públicas para o desenvolvimento social e econômico das pessoas que trabalham com lixo e reciclagem.
;Temos catadores aqui de vários territórios do Brasil e alguns parceiros internacionais que vão participar do congresso e, com essa mobilização, esperamos sensibilizar o poder público municipal, que é o gestor dos resíduos. A nossa dificuldade é ele entender que a gente só vai avançar quando tiver um espaço. Somos cerca de 30 mil catadores na cidade;, disse Custódio da Silva Chaves, um dos coordenadores do movimento e presidente da cooperativa Cooper Gericinó, que atua no aterro sanitário de Jardim Gramacho, na Baixada Fluminense.
Vice-presidente de uma das três cooperativas que atuam no centro do Rio, Raivaldo Magno esclarece que, apesar de o rendimento do trabalho nas ruas ser semelhante ao de quem trabalha nos lixões, as condições são diferentes. ;Estamos ainda em fase de expansão, reciclamos quase 70% do lixo no centro, o restante vai para o lixão. Na média, o catador na rua tira R$ 70,00 [por dia]. Existem cerca de 60 cooperados em cada cooperativa, temos cursos, planos de saúde, dentre outras coisas. Queremos tirar os catadores da rua para trabalhar dignamente nos galpões. A própria Comlurb [Companhia Municipal de Limpeza Urbana] vai recolher o material nas ruas para nós fazermos a coleta seletiva;, disse Magno.
Catadora no lixão de Jardim Gramacho há 26 anos, Ângela Maria da Conceição disse que a atividade reflete a falta oportunidades de trabalho. ;O lucro varia de acordo com material, idade, sexo. Se você trabalhar das 5h da manhã até às 18h dá para arrumar R$ 100, mas tem gente que não consegue tirar R$15 no lixão. A gente gostaria que tivesse mais cooperativa para reciclar. Falta emprego porque as pessoas não têm condições de sair do lixão. E na rua pega poluição, doença... às vezes mexemos em lixo contaminado e nossas mãos estão sempre esfoladas;, desabafou a catadora.
No congresso serão discutidos temas como direitos humanos dos catadores, alternativas de sustentabilidade e programas de inclusão social dos catadores de materiais recicláveis.