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Mulher é arrastada por coletivo em Recife

Os médicos do Hospital da Restauração vão avaliar hoje (12/7) o risco real da passageira Rosilene Ferreira de Oliveira, 48 anos, perder a perna direita. Ela foi atropelada e arrastada ontem quando tentava pegar um ônibus, no Terminal Integrado da Macaxeira, na BR-101 Norte, em Recife (PE).

O acidente, que provocou muito tumulto e correria no local, ocorreu por volta das 7h30, quando Rosilene, acompanhada da filha, atravessou correndo uma das faixas do terminal para alcançar outro coletivo com destino ao Cotel, em Abreu e Lima. Durante uma manobra de ré, o ônibus da empresa Pedrosa, que fazia a linha Avenida Norte/Macaxeira, atingiu e arrastou a passageira, segundo testemunhas. A vítima teve a perna esmagada. O serviço dentro da área de embarque e desembarque ficou interrompido por mais de duas horas e a passageira foi levada pelo Samu para Hospital da Restauração, onde foi operada e seu estado era estável até o fim da tarde de ontem.

Comerciantes e outros passageiros que estavam no local no momento do acidente informaram que a passageira escorregou perto da traseira do coletivo e caiu. Neste instante, o motorista estava fazendo a manobra e não conseguiu ver Rosilene no chão. "Nós só ouvimos os gritos e corremos para ver o que tinha acontecido. Foi horrível", contou o morador do bairro Pedro da Silva, que costuma pegar ônibus no terminal e acompanhou o resgate da vítima. Segundo a comerciante Roseli Lima, dona de um box próximo ao local do acidente, a vítima é conhecida por passar pelo terminal nos finais de semana. "Ela e a filha costumam vir aqui todo domingo. A garota faz refeição na minha barraca e a mãe fica esperando. Ela visita o filho, no Cotel", detalhou. Segundo a comerciante, a filha da passageira acidentada estava revoltada com a falta de atenção do motorista.

Por causa do acidente, agentes da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) fecharam o terminal por duas horas, e os passageiros tiveram que esperar os coletivos na frente do prédio, causando mais tumulto na área externa. Segundo informações da assessoria de comunicação da companhia, esse é um procedimento comum, pois a área do acidente precisa ser preservada até a chegada da perícia. Alguns passageiros aproveitaram o acidente para questionar a conduta dos frequentadores e funcionários no terminal. "O grande problema daqui é que as pessoas não respeitam o espaço dos ônibus e os pedestres não têm uma faixa para atravessar. Como os veículos não param no local correto, as pessoas precisam passar correndo", reclamou Pedro da Silva. Roseli também questionou a maneira como os passageiros entram nos coletivos. "O povo é muito estabanado, sai correndo, dando murro nas portas."

Uma funcionária da empresa Pedrosa, que pediu para não ser identificada, revelou que o ônibus do qual Rosilene Oliveira desceu, o Barro/Macaxeira, costuma parar em local inadequeado, facilitando os acidentes. "Caso seja comprovada a culpabilidade do motorista da Pedrosa, provavelmente a empresa se responsabilizará pelos danos. Temos um seguro para tratar casos semelhantes", disse.

Rosilene Oliveira ficou consciente durante todos os procedimentos de primeiros socorros feitos pelo Samu. A cirurgia feita no HR foi uma tentativa dos médicos de reconstituir parte do membro afetado, mas ela ainda corre o risco de ter a perna amputada se ocorrer infecção, segundo informação do setor de Serviço Social da unidade de saúde. O motorista do veículo, Francisco Sebastião dos Santos, e o supervisor do terminal, que não revelou o nome, se recusaram a falar sobre o acidente. Policiais da Delegacia de Plantão de Casa Amarela estiveram no local e realizaram as primeiras diligências, mas o caso será investigado pela Delegacia de Delitos de Trânsito, que receberá o laudo pericial em um prazo médio de 15 dias.