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Área de oito quilômetros do litoral do Rio está tomada por algas azuis

Mais de oito quilômetros de extensão do litoral fluminense estão tomados por uma mancha verde, provocada pela presença de cianobactérias, também conhecidas como algas azuis. Além de alterar a cor da água, o microorganismo, que geralmente aparece no verão, tem dividido a opinião de especialistas sobre a ameaça à saúde da população. A cianobactéria pode ter a coloração azul, verde oliva ou verde-azulada.

O biólogo Mário Moscatelli, que sobrevoou parte da bacia hidrográfica afetada, na zona oeste do Rio de Janeiro, classificou a situação como ;impressionante;. Ele explicou que geralmente esse fenômeno é provocado pela combinação de temperaturas altas, que vem se repetindo durante o inverno, e o escoamento de esgoto sem tratamento. Segundo o biólogo, o descarte do esgoto nas praias ocorre diariamente há décadas, no Rio.

;Estamos colhendo o que plantamos nos últimos 30 anos, quando o saneamento básico não passou de uma peça de mau humor, por parte do Poder Público, que pouco investiu. Ainda falta muito dinheiro e trabalho para as lagoas de Jacarepaguá deixarem de ser os penicos da região onde estão localizadas. Lagoa e rio não são lugares para se jogar esgoto;, criticou o biólogo ao sobrevoar a bacia hidrográfica que abrange as lagoas de Jacarepaguá, do Camorim e da Tijuca.

Quanto aos riscos para os banhistas, o especialista alerta que ;essas microbactérias produzem uma substância que pode causar problemas no fígado. A partir do momento que a célula do microorganismo se rompe, a toxina é liberada para o ambiente e pode gerar consequências para os usuários da praia;.

A gerente de Qualidade da Água do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) do Rio de Janeiro, Fátima Soares, garante que a situação está sob controle. ;Nós estamos acompanhando, fazendo o monitoramento do complexo e biotestes [testes biológicos] para ver se existe a liberação de toxinas para a água. Até agora, não foi detectada nenhuma concentração de toxinas;.

Segundo Fátima, o Inea vem acompanhando semanalmente a situação na região afetada. Ela disse que, para que o nível de toxina se torne um risco para a população seria necessário que muitos microorganismos se rompessem ao mesmo tempo. Fátima afirmou, ainda, que o prejuízo ao fígado não se dá pela água consumida, mas só se forem ingeridos peixes contaminados pelas toxinas do microorganismo. ;O processo não é tão imediato;, afirmou.