O quadro médico da norte-americana atingida pela explosão de um bueiro da empresa de energia elétrica Light, em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro, no último dia 29 de junho, permanece estável, segundo fontes da Clínica São Vicente. Mas o caso vem chamando a atenção de especialistas em queimados, que alertam para os riscos de sequelas no corpo de Sarah Nicole Lowry, de 28 anos ou mesmo de complicações que possam levar à morte da jovem.
O chefe da cirurgia plástica, José Badim, especializado em microcirurgia reconstrutiva e queimados, explicou que qualquer caso de queimadura é grave. Segundo ele, ;quando não mata, a queimadura deixa sequelas para o resto da vida, como cicatrizes e modificações da pele;. Essas marcas podem significar, inclusive, o comprometimento dos movimentos de alguns membros do corpo.
Segundo Badim, o quadro de Sarah Nicole é de alta gravidade considerando as modificações sistêmicas que o organismo vai sofrer, com a liberação de toxinas e consequente aparecimento de infecções, que podem afetar todos os órgãos, principalmente os rins. ;Não está livre de surgir uma complicação dessa queimadura. Por exemplo, os rins podem não funcionar. O que já se torna um quadro agudo muito grave e que, mesmo com hemodiálise, nem sempre é possível recuperar esse rim. Tem toxinas que vão para o fígado e para o coração que deveriam ser eliminadas pelo rim;, informou o médico.
A professora de dermatologia do Hospital do Fundão, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Mônica Azulay, disse que é compreensível a cautela do médico responsável pelo tratamento da americana, ao ser transparente em alertar para o risco de morte mesmo com a boa evolução do quadro desde que a paciente foi internada. Segundo Mônica, no caso de Sarah, que teve 80% do corpo atingido pelas queimaduras, o fato de estar conversando não significa que tudo está bem.
;A gente tem que entender que, numa queimadura de segundo grau, você tem a presença de bolhas. Quando essas bolhas não estão rompidas, o que se deve fazer até drenar o líquido da bolha, é manter esse teto de pele como proteção. Mas, muitas vezes, essas bolhas se rompem espontaneamente e aquela pele que fica tem que ser retirada porque é uma área de muita colonização bacteriana e porta de entrada aberta. Com uma área [do corpo atingida pelas queimaduras] tão grande, a chance de uma infecção rápida se faz presente;, explicou.