Quando dos atentados de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, houve a certeza de que o mundo não seria o mesmo. E a de que os aeroportos nunca mais seriam iguais. Afinal, foi pelas falhas de segurança em alguns deles que o mundo virou de pernas para o ar. Desde o último mês, a mais nova arma das autoridades de segurança chegou ao Brasil. É o scanner pessoal (body scanner) um portal magnético que ;destrincha; o corpo do passageiro e acusa a presença de substâncias proibidas, armas, explosivos e drogas. Destrinchar, no caso, é força de expressão, mas pode-se dizer que o viajante fica nu aos olhos de quem está com o distintivo no peito, de olho no monitor.
[SAIBAMAIS]O equipamento está presente em quatro aeroportos: Guarulhos (SP), Galeão (RJ), Recife (PE) e Manaus (AM). A polêmica chegou com o scanner, já que ele permite observar o corpo da pessoa sob a roupa. Nos Estados Unidos e na Inglaterra, ele foi considerado invasivo por ferir a privacidade dos passageiros. No entanto, continua sendo usado, porque o apelo da segurança acaba falando mais alto.
De acordo com a Polícia Federal (PF), instituição que vai operar os scanners, somente os passageiros com atitudes suspeitas serão obrigados a usar o aparelho, que é um portal, num procedimento que dura sete segundos. A PF afirmou que o equipamento faz uma radiografia, mas só tem capacidade de mostrar o contorno do corpo, dos ossos, dos órgãos e de objetos. Com o uso do scanner, acabam as revistas pessoais e ninguém mais precisará tirar a roupa. Além disso, como acontece atualmente, mulheres só poderão ser inspecionadas por agentes do sexo feminino.
No Brasil, diferentemente do que houve em lugares onde o scanner causou muita polêmica, como o Reino Unido, boa parte da população parece não se abalar diante da possibilidade de constrangimentos em aeroportos. A última edição da pesquisa Índice de Segurança Unisys para o Brasil (1), realizada em março, que avalia o nível de preocupação dos brasileiros em relação à segurança, mostra índices taxativos.
Oitenta e sete por cento dos entrevistados estão dispostos a se submeter a um ou mais procedimentos de segurança antes de voar. Sessenta e cinco por cento dos entrevistados estão inclinados a aceitar o chamado scanner de revista pessoal e 53% não mostram restrição em apresentar dados pessoais antecipados antes de viajar. Paulo Bonucci, presidente da Unisys Brasil, avalia: ;A maioria da população brasileira está disposta a cooperar com medidas de segurança em viagens aéreas, sugerindo que eles abrem mão da privacidade;.
Preocupação no ar
O estudo bianual oferece percepções de consumidores em relação a uma série de problemas relacionados à segurança. Desta edição participaram 10 mil pessoas de 11 países: Alemanha, Austrália, Bélgica, Brasil, Espanha, Estados Unidos, Holanda, Hong Kong, México, Nova Zelândia e Reino Unido.