Há 10 anos, Lenimá realiza duas campanhas por ano para ajudar creches do Distrito Federal. Há dez dias, porém, após se comover com a destruição dos municípios alagoanos e pernambucanos, a diretora pedagógica decidiu encaminhar os donativos arrecadados na gincana escolar ao Nordeste. ;Na sexta-feira, reuni os estudantes no pátio da escola e fiz um apelo para que colaborassem com os nossos irmãos nordestinos. Já temos mais de 200 quilos de feijão, 100 quilos de macarrão e muitos pacotes com roupas. Está tudo limpo e em bom estado;, orgulha-se ela, que ainda não conseguiu contabilizar todas as doações.
Brinquedos
Sensibilizados com as fortes cenas de destruição, os estudantes Thayná Silva, 15 anos, Brendon Abreu, 16, e Maria Theresa, 8, foram alguns dos alunos da escola que já entregaram suas doações. ;É muito importante que todos ajudem as pessoas que ficaram sem suas casas;, disse Thayná. Brendon decidiu reunir roupas de seus familiares para doar às vítimas. Já a pequena Maria Theresa preferiu enviar, além das roupas, brinquedos e alimentos. ;Fiquei muito triste quando vi as crianças andando na lama;, lamenta. ;Até 8 de julho vamos juntar donativos aqui na escola. Quem quiser trazer sua ajuda pode deixar aqui em horário comercial;, avisa Lenimá. O colégio fica na QNM 40, área especial, lotes 9/10. Mais informações pelo telefone 3491-0244.
Desde sexta-feira, todas as agências dos Correios estão recebendo donativos aos desabrigados das enchentes no Nordeste. A exemplo da campanha Solidariedade Expressa Nordeste, realizada em 2009 para ajudar as vítimas das chuvas no Maranhão, no Ceará, em Sergipe, em Pernambuco e em Alagoas, a iniciativa pretende colaborar com os desabrigados das cheias deste ano. No ano passado, os Correios receberam e entregaram 236 toneladas de alimentos e roupas. ;Ainda não temos um balanço parcial das doações de 2010, mas esperamos que a Copa do Mundo não atrapalhe a campanha;, diz o chefe de Relações Institucionais da empresa, José Afonso Braga.
Os Correios estão recebendo alimentos não perecíveis, vestuário, roupas de cama, mesa e banho, calçados, tendas e barracas. A postagem será gratuita e as doações devem ser entregues em embalagens reforçadas de até 30 quilos. ;Não aceitamos doações em dinheiro e remédios devem ser encaminhados pelos fabricantes ou pelas redes farmacêuticas;, explica Afonso.
Defesa Civil
Estudante de jornalismo, Katarina Guerra, 25 anos, decidiu convocar seus familiares e amigos para ajudar os conterrâneos vítimas das chuvas. ;Tenho parentes em Palmares (PE) e resolvi enviar material de higiene pessoal e roupas de cama;, afirma. Natural de Recife, Katarina ficou revoltada quando entrou em contato com a Defesa Civil do DF. ;Uma funcionária me informou que eles não estão recebendo nenhum donativo, pois fica caro para o envio das doações, e que a minha única opção é mandar dinheiro para uma conta;, observa. Depois que ficou sabendo da campanha dos Correios, a jovem diz que vai reunir as doações em caixas e encaminhá-las até uma das 56 agências dos Correios no DF.
Procurada pela reportagem, a Defesa Civil confirmou que não está encaminhando doações ao Nordeste porque não tem o espaço físico e nem a estrutura necessários para o processo. A iniciativa anterior, que recebeu alimentos e roupas para as vítimas do terremoto do Haiti, contou com apoio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
O órgão ainda destacou outro fator que complica esse tipo de operação: o elevado custo logístico de arrecadação, armazenamento, triagem, embalagem e transporte. Segundo a Defesa Civil, uma garrafa de 1,5l de água pode custar R$ 45 para sair do DF e chegar até Alagoas ou Pernambuco, dependendo do meio de transporte utilizado. ;Cada 50 toneladas de donativos saem por R$ 37.170,30, fora o transporte;, diz a nota da Defesa Civil.
Ouça trecho da entrevista com o chefe de Relações Institucionais dos Correios, José Afonso Braga
MOBILIZAÇÃO E SOLIDARIEDADE
A campanha SOS Pernambuco, encabeçada pelo jornal Diario de Pernambuco, que faz parte dos Diários Associados, vem mobilizando entidades privadas, públicas e filantrópicas, com postos de arrecadação em todo o estado. Por enquanto, os donativos de maior necessidade são aqueles da cesta básica ; feijão, arroz, macarrão e leite ;, artigos de higiene pessoal, absorventes, fraldas descartáveis, colchões e água mineral. Quem está em outro estado e também quer ajudar pode fazer doações em dinheiro. Quaisquer valores podem ser depositados em uma das contas oficiais criadas para ajudar os municípios. Pelo Banco do Brasilía conta-corrente é a de n; 100000-4, agência 1836-8. A organização não governamental Tribunal Solidário abriu conta no Banco Real: agência 1016 e conta-corrente 6.023.0762. Mais informações no site do jornal: .
Serviço
As doações entregues às agências dos Correios devem ser endereçadas à Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Alagoas, Rua Lavenere Machado, n; 80 ; Trapiche da Barra ; Maceió/AL ; CEP: 57010-383. Os Correios não aceitarão doações em dinheiro.
As contribuições para a campanha da Cáritas e da CNBB podem ser depositadas no Banco do Brasil, agência 3505-X, conta-corrente 5821-1.
A Defesa Civil de Alagoas e de Pernambuco divulgou as contas- corr
rentes para ajudar as vítimas da enchentes.
Para ajudar os atingidos de Alagoas: Banco do Brasil: agência 3557-2, conta-corrente 5241-8 Favorecido: C B M AL Defesa Civil ;
Alagoas. Caixa Econômica Federal: agência 2735, conta-corrente 995-6, operação 006
Para ajudar os atingidos de Pernambuco: Caixa Econômica Federal: agência 1294, conta-corrente 2010-0, operação 006. Favorecido: SOS Pernambuco.
Mais mortes em Alagoas
A Defesa Civil de Alagoas divulgou boletim na tarde de ontem informando que aumentou para 37 o número de mortes causadas pelas chuvas no estado. As três novas vítimas foram encontradas no município de União dos Palmares. Segundo o órgão estadual, ainda há 69 desaparecidos. Mais de 181 mil pessoas foram afetadas pelas chuvas. Ao todo, 15 cidades decretaram estado de calamidade pública, quatro estão em situação de emergência e outras 28 registraram prejuízos causados pelas enxurradas.
Em Pernambuco, estado que também foi bastante afetado pelas chuvas no Nordeste, foram 20 óbitos confirmados até a terça-feira. Nos dois estados, 157 mil pessoas estão desabrigadas ou desalojadas e 95 municípios relataram danos.
Estradas
De acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), o custo de restauração das estradas da região danificadas pelas tempestades será de R$ 72 milhões. De acordo com levantamento divulgado ontem pelo órgão, algumas obras de recuperação já tiveram início, mas outras ainda dependem do término das chuvas para serem iniciadas.
Ainda segundo o Dnit, R$ 57 milhões devem ser disponibilizados ao governo pernambucano para a reconstrução das duas pontes sobre o Rio Una que ficaram destruídas. Para Alagoas, R$ 15 milhões estão sendo empenhados na reparação da ponte do Rio Mundaú. A previsão é de que as obras sejam concluídas em 180 dias.