O diretor do Departamento de Psiquiatria dos Hospitais de Pernambuco (Sindihospe), Feliciano Abdon Araújo Lima, diz que a situação do Hospital José Alberto Maia é reflexo de uma estratégia de asfixiamento financeiro implantada pelo governo federal, após a criação da Lei 10.216, em 2001, que estabelece a reforma psiquiátrica no Brasil.
;Quanto maior o hospital, menor a diária [paga pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para manutenção da instituição]. O governo, para asfixiar financeiramente os hospitais e fazer com que eles fechem, estabeleceu diárias variadas e baixas. O Hospital José Alberto Maia, com cerca de 400 doentes, recebe R$ 29 [por interno], a menor diária;, afirma.
De acordo com o Ministério da Saúde, a atual política busca a redução progressiva do número de leitos em hospitais psiquiátricos. Dessa forma, são mais bem remunerados os considerados de pequeno porte (até 160 leitos). Atualmente, há 419 internos na instituição pernambucana.
Para Lima, o governo é responsável pelos doentes que estão no hospital. ;Ninguém é internado em hospital psiquiátrico no Brasil sem que seja autorizado pelo governo. Eles [governantes] jogam a culpa nos donos dos hospitais, mas foram eles que geraram o endividamento.;
A respeito das mortes registradas na instituição, ele diz que ocorreram em função da idade avançada dos pacientes que moram no local, mais suscetíveis a doenças como hipertensão arterial, diabetes, acidente vascular cerebral e problemas neurológicos em geral. ;Temos lá uma quantidade enorme de doentes acima de 50 anos, além disso, o doente psiquiátrico, por sua própria condição, é mais descuidado com sua saúde e não se alimenta bem.;