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Restabelecimento da saúde é mais um desafio para quem sobreviveu à chuva na Zona da Mata Sul

Depois do desafio de tentar sobreviver em meio ao caos de ter perdido todos os bens materiais, muitos sobreviventes da chuva que atingiu Pernambuco têm mais um obstáculo a ultrapassar. De acordo com os especialistas, a grande preocupação se torna, agora, combater as epidemias que devem surgir em decorrência da sujeira acumulada nos municípios.

Para tentar reduzir os danos na saúde e garantir atendimento de urgência e tratamento dos pacientes crônicos, o governo estadual, por meio da secretaria de saúde, está adotando um conjunto de ações a serem implantadas nas cidades em situação mais crítica.

[SAIBAMAIS]A partir desta sexta-feira (25/6), será iniciada a distribuição de 11 toneladas de medicamentos enviados pelo Ministério da Saúde para ajudar os locais atingidos pelas chuvas. O material será distribído, em dois caminhões, a 53 municípios, que receberão kits compostos por 48 itens entre medicação e insumos utilizados em unidades de atenção básica de saúde para primeiro atendimento. São antibióticos, antibacterianos, antitérmicos, anti-hipertensivos e analgésicos alem de seringas descartáveis, ataduras e esparadrapo impermeável, entre outros.

Os 65 médicos lotados no Hospital Regional Sílvio Magalhães, em Palmares,estão sendo relocados para outras unidades particulares de saúde: os hospitais Menino Jesus e Santa Rosa, que são conveniados ao SUS e agora vão receber um aumento na demanda. Os 128 pacientes renais da Zona da Mata Sul que fazem tratamento de hemodiálise no Recife foram transferidos para o Hotel Orange, em Itamaracá, com os respectivos acompanhantes. Lá, eles estão sendo monitorados por um médico e dez técnicos de enfermagem. Outros 14 pacientes são assistidos em Caruaru, cidade mais próxima de suas residências.

Água

O consumo de água contaminada é um dos maiores riscos aos quais estão expostos os desalojados e desabrigados da Mata Sul. Doenças como diarreia, leptospirose, cólera e febre tifóide, além de hepatites A e E são alguns dos principais casos que devem surgir nos próximos dias. A recomendação é adicionar duas gotas de hipoclorito de sódio a 2,5% (água sanitária sem perfume) em cada litro de água.A limpeza das casas deve ser feita com solução de água sanitária, diminuindo as chances de infecção por leptospirose. É preciso usar luvas e botas de borracha ou sacos plástico presos às mãos e pés, assim como lavar a pele com água limpa e sabão após o contato com água de enchente ou esgoto.

Vacinas


Por conta dos riscos aos quais a população do interior está exposta, foram enviadas cerca de 31 mil doses de vacina contra difteria e tétano (DT) para Palmares, Cortês, Escada, Água Preta, São José da Coroa Grande e Barreiros. Cinco mil doses de hepatite B também foram enviadas aos municípios, juntamente com vacinas antirrábicas. Os municípios estão recebendo reforço de vários tipos de soro. Cerca de 3 mil doses de soro antibrotópico-crotálico (para mordidas de animais peçonhentos), antirrábico e antitetânico já estão disponíveis, além de doses de imunoglobulina antitetânica e antirrábica. Reforços de Hepatite B, Tetravalente, Rotávirus e tríplice viral também estão sendo enviadas para as cidades atingidas, para substituírem os estoques perdidos com as enchentes.

USF

Entre as ações desenvolvidas está o mapeamento das Unidades de Saúde da Família (USF) que sofreram prejuízos com as enchentes. A intenção é auxiliar na reconstrução das estruturas e reposição dos materiais necessários. Até o momento, quatro USFs em Escada, quatro em Primavera, uma em Pombos, uma em Cortês, uma em Joaquim Nabuco e uma em Abreu e Lima foram totalmente destruídas. Outras 42 unidades, localizadas em 12 municípios, foram bastante danificadas.