Retornando de Taquara, pai e filho conversavam sobre a potência da caminhonete Pajero. Estavam impressionados com a facilidade na ultrapassagem de um caminhão, numa subida da RS-115, logo após cruzarem o limite entre Três Coroas e Gramado. Logo adiante, após uma curva, foram surpreendidos pelo que imaginavam ser um acidente.
O caminhão batera na traseira de um carro-forte e estava atravessado na pista. Porém, quando o motor da caminhonete parou repentinamente, atingido por um tiro de fuzil, viraram testemunhas do assalto que resultou na morte do vigilante da Brinks Giovani da Fontoura Fagundes, 34 anos.
Eram 18h30min de segunda-feira. Os ladrões explodiram o cofre e fugiram com malotes, cujo valor não foi divulgado. O tiro no motor fez a Pajero parar no Km 31. Quando ambos viram bandidos empunhando fuzis, desembarcaram com as mãos erguidas.
Segundos salvaram o servidor público aposentado de ser atingido na cabeça. Assim que o homem de 74 anos abandonou a direção da caminhonete e pisou no asfalto, um tiro perfurou o parabrisa e o encosto de cabeça do banco do motorista. Outros quatros disparos estilhaçaram um vidro e danificaram a lataria da Pajero, que ficou atravessada na rodovia, a poucos metros do carro-forte.
; Foi por um segundo. O tiro acertaria a cabeça do meu pai ; conta o contador de 54 anos. Naquele momento, a quadrilha formada por pelo menos seis homens havia conseguido parar o blindado que seguia de Gramado a Porto Alegre. Contrariando a técnica difundida por José Carlos dos Santos, o Seco, em seus ataques, os bandidos atacaram o carro-forte quando ele descia a serra.
Um Astra com cinco criminosos seguia em direção a Três Coroas, andando em baixa velocidade, logo na frente do veículo da Brinks. A manobra obrigou o motorista do blindado a trafegar lentamente. Subindo a serra em direção a Gramado, um caminhão conduzido por um assaltante e roubado em Novo Hamburgo na madrugada de 25 de abril invadiu a pista contrária e acertou o blindado.
O carro-forte rodou e parou junto ao acostamento, no sentido contrário. Com a manobra para bloquear o carro-forte, o motorista do caminhão perdeu o controle da direção e desceu um barranco de pelo menos 40 metros. O veículo só foi encontrado na manhã de terça-feira. Na cabine, PMs apreenderam uma pistola 9 mm e uma touca ninja. Os policiais não acharam vestígios localizaram uma trilha aberta a facão no matagal.
A cabine do caminhão, originalmente branco, estava pintada de azul. O bando também usava placas clonadas de um veículo similar do município de Estrela. A polícia acredita que ele tenha ficado escondido em algum depósito desde aquela madrugada de abril, pois havia muita poeira na cabine.