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Menina estuprada e enterrada viva será sepultada hoje

Gisele Rodrigues da Silva, a menina de 11 anos estuprada e enterrada viva no distrito de Tejucupapo, município de Goiana, será sepultada hoje naquela cidade. O corpo da criança ainda está no Instituto de Medicina Legal (IML) do Recife. De acordo com o chefe do necrotério Manoel Silvestre, o bisavô da criança foi ao local esta manhã, mas o corpo não pode ser liberado sem a presença de um dos pais ou avós, que têm os nomes registrados na certidão de nascimento da vítima. O cadáver será levado para a cidade de Goiana em um carro da funerária São Luiz.

Cinco horas depois de ficar sob pedras em um buraco onde foi enterrada viva e ferida, Gisele ainda teve forças para balbuciar dois nomes. "Quem fez isso com você?", perguntou o policial experiente à menina de seis anos: "Foi tio Lolota e Nino". Quatro horas depois, a menina morreu em um leito do Instituto de Medicina Integral (Imip), no Recife. Parada cardíaca, atestou o laudo. Antes do coração de Gisele parar de bater, os dois acusados estavam presos em flagrante sob acusação de estupro de vulnerável e tentativa de homicídio.

O tempo que Gisele teve para falar pode salvar outras vidas. Na comunidade onde aconteceu o crime bárbaro, em Tejucupapo, distrito de Goiana, a 63 quilômetros do Recife, o comentário era de que Nino, que se chama Rosenildo Fidélis da Silva, 19, costumava roubar e já teria se envolvido em um estupro. Nada confirmado pela Polícia Civil até então. Na delegacia, ele negou o crime, mas foi enviado para a Cadeia Pública de Goiana, onde está à disposição da

Mesmo com a má-fama, Ninofrequentava a casa da criança. Lá se encontrava com o outro acusado, o tio Lolota, cujo nome é Luiz Carlos Rodrigues da Silva, 19. Nunca na presença do avô materno da menina, Luiz Maurício Lima, que assumiu a tarefa de pai logo que ela nasceu.

O desaparecimento - Tudo aconteceu quando Gisele sumiu enquanto brincava na frente de casa, por volta das 17h de quinta-feira. Quem estava por perto na hora era um dos acusados, o tio da menina, empinando pipa. Logo, logo a avó da criança, que também assumiu o papel de mãe de Gisele, sentiu falta da menina.

Por cinco horas a comunidade se mobilizou até encontrar a menina desmaiada dentro de um buraco nas terras de uma empresa de cal abandonada, perto da casa onde morava. No corpo, sinais de estrangulamento, ferimentos nos joelhos, nas regiões genitais, na boca. Havia ainda uma espécie de tela de metal cobrindo o rosto e sobre o corpo, muitas pedras.

Os próprios moradores levaram a criança nos braços até o posto de saúde mais próximo. De lá ela foi encaminhada, por volta de meia-noite, para o Hospital Belarmino Correia, em Goiana, onde contou à polícia os nomes dos autores do crime. "Eles disseram que estavam procurando a criança, mas achei estranho terem passado por aqui antes", disse o vigilante da empresa abandonada, Erivaldo Mota. A criança estava vestida, mas sem roupa íntima. Ontem pela manhã, a Polícia Militar encontrou no meio do matagal uma calcinha infantil, que foi recolhida e pode servir como prova do crime.

Para o delegado de plantão em Goiana, Salatiel Patrício, não há dúvidas da autoria. "Além de a criança ter contado quem fez aquilo com ela, os suspeitos entraram em contradição o tempo inteiro. Primeiro disseram que não se conheciam, depois falaram que se conheciam, entre outras informações", disse.

Gisele chegou ao Imip, por volta das 2h de ontem, depois de passar pela emergência do Hospital Agamenon Magalhães, também no Recife. A menina estava em coma e com sangramento pelo nariz e boca. Morreu às 4h.