Jornal Correio Braziliense

Brasil

Manifestação em São Paulo critica mudanças na legislação ambiental

Um "cortejo fúnebre" acompanhado por um grupo de percussão, artistas circenses, faixas de protesto e mamulengos percorreu hoje (23) alguns trechos do Parque do Ibirapuera,para chamar a atenção para o Dia Nacional da Mata Atlântica, que será comemorado no dia 27 próximo. Os manifestantes fizeram também críticas às possíveis alterações no Código Florestal e na legislação ambiental brasileira, que devem ser apresentadas nesta semana.

A manifestação foi organizada pela Fundação SOS Mata Atlântica. Segundo o diretor da fundação, Mário Mantovani, o tema gerador deste ano foi a história da legislação ambiental brasileira, que está em situação muito crítica, ameaçada por interesses eleitorais, já que é um ano eleitoral.

;Então, aqueles que não conseguiram seus intentos durante o ano, como, por exemplo, aquele que queria acabar com a Lei dos Crimes Ambientais e não conseguiu, se viraram agora contra a legislação e querem fazer um novo código ambiental brasileiro, disfarçado na luta do Código Florestal;, afirmou Mantovani.

Três caixões foram levados ao Ibirapuera, cada um deles, segundo a SOS Mata Atlântica, simbolizando o que estará em risco com as alterações na legislação ambiental brasileira. O primeiro representava a própria legislação; o segundo, o clima e a água, já que, na opinião dos ambientalistas, uma flexibilização da lei pode levar a mais desmatamentos; e, por último, a biodiversidade, pois, com florestas menos protegidas, muitas espécies poderiam entrar em extinção.

;Se eles [
congressistas] conseguirem fazer isso, vão conseguir fazer o enterro desses temas. Os caixões são um símbolo do enterro que estão preparando contra aquilo que foi uma grande conquista social;, disse Mantovani, que considera as possíveis alterações na lei um ;ataque;.

Para ele, mudar é sempre bom, é dinâmica, mas o que se vê hoje é uma ;agressão;, porque foram conquistas da sociedade. ;Se houvesse mudanças para aperfeiçoar [
a lei] seriam ótimas;, disse o diretor da SOS Mata Atlântica. De acordo com Mantovani, um dos ;ataques; à legislação é o fim da participação da sociedade no Conselho Nacional do Meio Ambiente.

Em sua opinião, as alterações à legislação que serão apresentadas em breve não deverão agradar nem a ambientalistas, nem aos ;interessados, que são os grandes grupos econômicos;. Por isso, a SOS Mata Atlântica pretende discuti-las com a sociedade, que deve se mobilizar. Se for preciso, a fundação poderá elaborar um abaixo-assinado ou fazer alguma intervenção na
internet, informou Mantovani.