Francisco Beltrão (PR) ; O incentivo à trocar das experiências que cada um traz do movimento a que pertence é uma das práticas da Escola Latino Americana de Agroecologia, na Lapa (PR).
A escola faz parte da rede de Institutos de Agroecologia Latino Americanos (Ialas), que tem unidades no Brasil, no Paraguai e na Venezuela. Atualmente está sendo criada uma escola na Amazônia e há projeto para uma unidade no Haiti.
O projeto, implantado em 2005, surgiu como um dos resultados das Jornadas de Agroecologia, que há nove anos reúnem de 3 mil a 4 mil pequenos agricultores no sudoeste do Paraná. Também participam das atividades estudantes, técnicos, representantes de organizações sociais de vários estados e de países da América Latina.
O curso já está na terceira turma e desta vez atende jovens do Haiti, da República Dominicana, do Equador, do Paraguai e da Colômbia, além de estudantes de outros estados brasileiros. Atualmente, 70 pessoas frequentam a Escola Latino Americana de Agroecologia, na Lapa (PR). O projeto funciona no assentamento Contestado, onde vivem 108 famílias, cerca de 400 pessoas.
;É um espaço também de intercâmbio de culturas e saberes. A maior dificuldade inicialmente é o idioma. Nessa terceira turma, na etapa preparatória serão ministradas aulas de português e de espanhol;, disse Priscila Facina, da coordenação pedagógica da escola, em entrevista à Agência Brasil. Ela lembra que foi no Paraná que surgiu o primeiro curso superior de agroecologia.
;Atendemos apenas pessoas que são vinculadas a um movimento social da Via Campesina;, explica a coordenadora. No Brasil, a Via Campesina engloba vários grupos como O Movimentos dos Trabalhadores Rurais sem Terra, o Movimento de Atingidos por Barragens e a Comissão Pastoral da Terra, por exemplo.O curso, uma parceria com o Instituto Federal do Paraná (IFPR), já formou 80 pessoas. Segundo Priscila Facina, a metodologia de alternância, usada na educação no campo, com um período na escola e outro na comunidade de origem, tem proporcionado bons resultados.
;Eles têm tarefa do curso para cumprir. Experiências agroecológicas, pesquisas com as famílias, monografia, estágios. Tudo é feito no tempo [em que estão na] comunidade;.
Uma parte dos recursos destinados ao projeto vem do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), e a é composta por doações dos movimentos sociais envolvidos. O catarinense Leonel dos Santos, 25 anos, diz que tem grande expectativa com o curso.
;O modelo capitalista está infiltrado no campo, o agronegócio visa o lucro e se fortalece, então nós temos que nos organizar, adquirir conhecimentos que nos permitam esse confronto. Estamos aprendendo uma nova matriz tecnológica para levar aos companheiros campesinos;.
Luiz Coicue, 18 anos, mora em uma reserva indígena da Colômbia e diz que sua comunidade aguarda com ansiedade as novidades que ele levará da escola. ;Ainda fazemos agricultura artesanal e agora vou levar tecnologia para a comunidade;.
Leonel, Luiz e seus companheiros de curso participam da 9 ; Jornada de Agroecologia, que reúne até amanhã (22) cerca de 3 mil pessoas.