Jornal Correio Braziliense

Brasil

Em 2008, 170 mil toneladas de resíduos foram despejadas por dia nas grandes cidades brasileiras

Um total de 170 mil toneladas de resíduos urbanos são despejadas por dia nas grandes cidades brasileiras, e apenas 149 mil são coletadas diariamente. A informação foi dada nesta quinta-feira (20) pelo diretor executivo da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), Carlos Roberto Vieira, durante seminário sobre resíduos sólidos. Os dados correspondem ao ano de 2008. A pesquisa de 2009 será divulgada na próxima quarta-feira (26).

De acordo com os estudos da Abrelpe, em média, são gastos por mês R$ 8,93 por habitante na destinação dos lixos sólidos urbanos. Dos materiais coletados, aproximadamente, 54,8% têm uma destinação adequada e o restante vai para os lixões e aterros controlados, que não contemplam os requisitos ambientais necessários.

;Os desafios em resíduos urbanos crescem a cada dia, aumenta o volume em relação ao crescimento populacional e os modelos de consumo da sociedade. Há também maior quantidade de materiais descartáveis, estamos num tempo em que os produtos colocados no mercado têm menos durabilidade, como é o caso da informática e telefonia;, diz Vieira.

A composição cada vez mais complexa do lixo é outro fator preocupante, segundo a Abrelpe, devido a combinações químicas novas que não se sabe o que podem gerar. A destinação final do lixo no Rio de Janeiro está acima de sua capacidade, como é o caso do aterro sanitário de Gramacho, na Baixada Fluminense, o que leva à procura de novos espaços cada vez mais distantes ; um novo lixão será implantado em Seropédica.

Vieira falou ainda sobre o Projeto de Lei do Plano Nacional para Resíduos Sólidos (PNRS), aprovado pela Câmara dos Deputados e tramitando no Senado. A expectativa é de que ele seja votado e aprovado no fim deste mês e sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente.

;A política vai ser um importante avanço num país de dimensão continental, com diferenças regionais. Mas não adianta melhorar a destinação dos resíduos se continuarmos a gerar cada vez mais lixo. A reciclagem, por exemplo, não vai resolver o problema, mas soluções conjugadas num sistema de ações integradas vai. O PNRS tem de ser atemporal e contemplar todas as alternativas, sem espaço para paixões, mitos e ideologias;, resumiu Vieira.