Sob os gritos ;fora homofobia; e ;homofobia, já chegou a sua hora;, cerca de 2 mil gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais de todos os estados do país participaram ontem, em Brasília, da 1; Marcha Nacional Contra a Homofobia. Além da luta pelo fim da aversão aos homossexuais, o movimento pediu a garantia do Estado laico ; sem interferência de nenhuma religião ;, combate ao fundamentalismo religioso, cumprimento do Plano LGBT, aprovação do projeto de lei que criminaliza a discriminação, e que o Judiciário decida a favor da união estável entre os casais homoafetivos e da mudança de nome dos transexuais.
Juntas a pouco mais de um mês, as estudantes brasilienses Thais Facchin e Juliana Pinheiro, ambas de 18 anos, não se intimidaram em trocar beijos e carícias durante a marcha. ;Ainda é muito difícil assumir publicamente a homossexualidade no Brasil; por isso, quando soube da realização da marcha, fiz questão de vir;, afirmou Thais, moradora de Sobradinho. ;Tem quase um mês que contei para a minha família. A manifestação é importante para cobrarmos nossos direitos;, completou Juliana.
Na avaliação do presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis, a marcha superou todas as expectativas. ;Diferentemente das paradas gays, onde as pessoas vão festejar, conseguimos reunir pessoas politizadas e cientes da nossa causa. Também contamos com a presença de 50 parlamentares, vereadores do interior do país e de dois presidenciáveis, Plínio de Arruda Sampaio (PSol) e José Maria Eymael (PSDC).;
Pânico
Revoltados com a presença dos humoristas Carioca e Cesar Polvilho, do programa Pânico na TV, os participantes da marcha os expulsaram da Esplanada dos Ministérios. ;Eles estavam fazendo matéria jocosa. Perguntei para eles se sabiam quantos travestis são assassinados no Brasil e o porquê da realização dessa manifestação em Brasília;, disse a presidenta da Articulação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), Jeovanna Baby. Ela e outros participantes não deixaram os humoristas gravarem matéria que seria exibida no programa do próximo domingo.
Caracterizados dos ex-integrantes do Big Brother Brasil Dicesar (Carioca) e Sérgio (Cesar Polvilho), ambos homossexuais, a dupla não conseguiu concluir as filmagens da marcha. ;Eles queriam fazer uma sátira negativa;, disse o estudante de ciências sociais da Universidade de Brasília (UnB) Rodolfo Godoi, 17 anos. Ele se juntou aos manifestantes que pressionaram pela retirada dos humoristas. A dupla precisou sair do local com a ajuda de seguranças.
Ouça trecho da entrevista com o presidente da ABGLT, Toni Reis