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Quadrigêmeos viram centro das atenções em cidade mineira

Quatro pequenos novos moradores mexeram com a rotina da cidade de Piranga, a 169 quilômetros de Belo Horizonte, na Zona da Mata. O prefeito, Eduardo Guimarães, disse que nunca, em 300 anos de história, o município de pouco mais de 17 mil habitantes esteve tão em evidência na mídia. O quarteto também mobilizou uma rede de solidariedade e até apressou a chegada da luz à casa em que vai morar. E, se a chegada dos quadrigêmeos Ezequiel, Miguel, Ana Raquel e Natanael mexeu tanto com a comunidade, que dirá com a família Meireles, que praticamente dobrou de tamanho de uma só vez.

Os pais, o casal de lavradores Manoel e Eliane, que já tinham cinco filhos com idades entre 3 e 14 anos, chegaram da capital no fim de semana com os mais novos integrantes do clã ; nascidos em 12 de outubro, Dia das Crianças, na maternidade da Santa Casa de Belo Horizonte. Na casa da zona rural em que vivem, eles se emocionam com a ajuda recebida e encaram a difícil missão que terão pela frente com otimismo, bom humor e naturalidade.

A família numerosa tenta aos poucos voltar à rotina no Sítio do Engenho, muito embora o termo rotina pareça estranho em um clã que acaba de ganhar, de uma só vez, quatro membros. Os quadrigêmeos, dois deles idênticos, nasceram prematuros, com 33 semanas, por parto cesáreo. ;É bem melhor estar em casa;, diz o pai, o mais sorridente dos Meireles. Antes de voltar para o sítio, o casal ficou com os recém-nascidos na casa de parentes, em BH, para facilitar o acompanhamento médico.

De volta para casa, Eliane, a mãe, não esconde o alto astral. A dona de casa nem se preocupa em morar tão distante da cidade. A pequena propriedade, de 7,5 hectares, onde os Meireles cultivam feijão, milho, cana-de-açúcar e hortifrutigranjeiros e onde cuidam de gado, porcos e galinhas, fica a oito quilômetros da sede de Piranga, com acesso por estrada de terra. Em dias de chuva, os últimos dois quilômetros só podem ser percorrido à pé, como constatou ontem a equipe do Estado de Minas.

;Se os quadrigêmeos fossem os primeiros, ficaríamos doidos;, brinca Eliane, ressaltando que a experiência conta muito na hora de criar filhos tão longe da cidade. Além da vivência, o casal, por meio da solidariedade de amigos, parentes e colaboradores anônimos, vem conseguindo montar uma boa estrutura para cuidar dos bebês. Os Meireles já contam com uma minifarmácia para eventualidades. Um fusca, com pneus especiais para a lama, pode ser usado em casos de urgência para transportar os recém-nascidos até a unidade de saúde mais próxima. O trajeto é percorrido em 30 minutos.

A família conta ainda com dois celulares que, apesar do sinal fraco na propriedade rural, fazem ligações perfeitamente. A casa está passando por reforma. O único banheiro será transformado em dois, desafogando o ;tráfego;, principalmente, pela manhã, quando quase metade da família segue para a escola. O serviço deve ficar pronto até o fim de semana e vai coincidir com a instalação da luz elétrica. Uma empreiteira da Cemig, que trabalha na implantação do programa Luz para todos, teria acelerado os trabalhos depois que correu na região a notícia da chegada dos quadrigêmeos.

Até lá, Eliane continuará a passar as roupinhas com um ferro danificado, aquecido na chapa do fogão a lenha. O casal contratou duas ajudantes para dar conta de todas as tarefas, mas uma delas será dispensada nas próximas semanas. ;Não temos condições de ter duas empregadas;, salienta. Mas a mãe poderá contar com o auxílio da irmã, que mora num sítio vizinho. ;Ficarei o tempo que for preciso com as crianças;, se dispôs Maria das Graças Meireles, que ontem à tarde substituiu a irmã que foi até Piranga agendar consultas com o pediatra da prefeitura. O controle deverá ser quinzenal até que os bebês atinjam três quilos.