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Escolas públicas municipais do Rio de Janeiro sofrem com problemas de violência

Rio de Janeiro - A maior rede de escolas públicas de ensino fundamental da América Latina, com 1.062 unidades, enfrenta também o maior problema de gestão para conter a violência que se dissemina dentro dos colégios nos horários de aulas.

Com a crescente divulgação na mídia de casos de violência em escolas, a secretária de Educação do município do Rio, Cláudia Costin, criou no último dia 15 de abril o Regimento Escolar Básico do Ensino Fundamental, estabelecendo normas de conduta para os alunos da rede e prevendo punição para os estudantes que danificarem a escola ou agredirem de forma física, verbal ou eletrônica seus próprios colegas, professores ou funcionários.

O documento, no entanto, não foi discutido com os diretores das escolas, conforme disseram muitos deles, sem querer se identificar, temendo represálias. A diretora de uma escola em Campo Grande, na zona oeste da cidade, afirmou que somente na próxima quarta-feira (5), durante o centro de estudos, é que o regimento será discutido com os professores, para então fazer as adaptações à realidade da escola.

Em outra unidade, na zona sul, a diretora informou que soube do documento pela imprensa e que ainda não teve tempo de ler as novas determinações. Na Tijuca, zona norte da cidade, diretoras de três escolas avaliaram o documento como positivo, mas admitiram que terão dificuldades para implantá-lo.

Para elas, a secretária Cláudia Costin deveria ter promovido encontros com as diretoras de escolas e com as coordenadorias regionais de Educação (CREs) para discutir o regimento antes de ele ser fechado e publicado no Diário Oficial do município.

A assessoria de imprensa da Secretaria de Educação do Rio não respondeu às solicitações de entrevista com Cláudia Costin feitas por e-mail e por telefone.

Para o Sindicato Estadual dos Profissionais de Ensino (Sepe), a atitude do órgão demonstra descaso com o problema cada vez maior da violência nas escolas. A coordenadora da entidade, Edna Félix, enfatiza que há relatos de diretores de escolas que dizem ser ameaçados com a exoneração do cargo caso divulguem ou deem sequência à apuração de denúncias feitas por professores que sofrem agressões de alunos.

;As CREs ameaçam os diretores, inclusive com a abertura de inquérito administrativo contra eles. Mas nossa orientação é para que os diretores não se sintam acuados e denunciem todas as situações de violência. Só assim poderemos dar sequência a um planejamento para o enfrentamento do problema;, destacou Edna Félix.

A coordenadora do Sepe acredita, porém, que a onda de violência nas escolas é fruto da falta de investimentos na área educacional. ;O esvaziamento de profissionais qualificados nas escolas acirra o conflito, a revolta dos alunos e dos professores. Isso porque o número de adolescentes nas escolas é cada vez maior e não há adultos para orientá-los;, disse a coordenadora. Ela lembrou as salas dos extintos serviços de Orientação Educacional (SOEs) e de Orientação Pedagógica (SOP), cujos profissionais atendiam aos alunos com problemas emocionais e/ou familiares que prejudicavam o desempenho escolar e o relacionamento com os colegas e professores.

;Chegamos ao ponto de ter escolas com apenas um inspetor e nenhum orientador educacional. Precisamos reativar os serviços de atendimento psicológico aos alunos e não responder às agressões deles também de forma violenta, chamando a guarda municipal e a polícia;, considerou.

Edna Félix lembrou que na última semana a Secretaria de Educação chamou 300 agentes educadores (antigos inspetores) concursados, mas disse que esse número é irrisório para repor o quadro nas 1.062 escolas da rede.