Cerca de 50 índios de seis etnias no Norte e Nordeste do Brasil realizaram uma manifestação pacífica no inicio da manhã desta sexta-feira (30/4) em frente à sede da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Eles pedem a revogação do Decreto Presidencial 7056, de 28 de dezembro de 2009, e a destituição do cargo do presidente da Fundação de Amparo ao Índio (Funai), Márcio Meira.
Líderes do movimento disseram ter procurado autoridades brasileiras para rever posicionamentos adotados que, segundo eles, prejudicam os povos indígenas. A minuta do decreto presidencial trata, sobretudo, da desarticulação da Funai como funciona atualmente e propõe a criação de coordenadorias regionais de amparo ao índio.
O chefe da tribo Korubo, cacique Kashapynya, reclama da invasão de não-índios na fronteira de sua aldeia, localizada na divisa dos estados do Acre e do Amazonas. "Estamos sufocados. Os brancos invadem nossas terras e destroem as nossas riquezas. Jogam mercúrio na água para pegar ouro e contaminam os peixes que comemos", disse o cacique Kashapynya.
Embaixada
O presidente da ONG Instituto Resgate, Lívio Cavalcanti, afirmou que o movimento vai procurar ajuda de parlamentares que possam legislar contra o decreto. Lívio informou ainda que os índios devem procurar apoio na Embaixada da Nigéria, com quem já tiveram contato hoje. Eles devem retornar para o acampamento montado na Esplanada dos Ministérios, em frente ao Ministério da Justiça, assim que tiverem uma posição da OIT.
Em conversa com os indígenas, representantes do organismo internacional disseram que vão encaminhar as críticas e denúncias feitas a autoridades brasileiras. Caso sejam constatadas as irregularidades, uma carta deverá ser enviada para a sede mundial da OIT em Genebra, na Suíça, para que o organismo formalize a queixa ao governo brasileiro. Nesse caso, as autoridades terão de explicar possíveis violações de direitos de índios do território brasileiro.