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Trabalho da Federal Fluminense estuda relação entre lesões orais pelo HPV e vários tipos de câncer

Rio de Janeiro - Um levantamento, feito pela Universidade Federal Fluminense (UFF) com base em várias pesquisas, estuda a relação entre lesões orais causadas pelo HPV (Papilomavírus Humano) e a incidência de vários tipos de câncer na região da cabeça e do pescoço - câncer de nariz, boca, garganta, faringe, pele, glândulas salivares e tireoides.

O HPV é uma doença sexualmente transmissível que também pode ser passada de mãe para filho, como a sífilis. É formada por uma variedade de vírus e é considerada fator de risco para o câncer de colo de útero, de pênis e de ânus. A doença é uma das mais comuns no mundo e estima-se que uma a cada cinco mulheres esteja infectada.

Apresentada nesta quinta-feira (29) durante Simpósio Internacional de Pesquisa em HPV, o levantamento da UFF aponta "fortes evidências" entre o HPV de alto risco (HPV-16) e tumores nessas regiões da cabeça e do pescoço, principalmente em indivíduos que não fumam ou consomem álcool - fatores considerados de risco para incidência do câncer.

"Ainda não está provado, mas existem fortes evidências da relação entre o HPV e o câncer de boca, principalmente o desenvolvimento do câncer de orofaringe - uma região entre a laringe e a base da língua", explicou a pesquisadora Eliane Pedra.

Durante o simpósio, a especialista apresentou estudos norte-americanos relacionando o aumento de tumores malignos na base da língua e amígdala ao comportamento sexual das pessoas. Nos Estados Unidos esses tipos de câncer aumentaram 2,1% e 3,9% entre 1973 e 2001.

A infecção oral pelo HPV pode ocorrer de diversas formas, entre elas, o sexo oral e o beijo. Como as lesões inicias de câncer de boca e orofaringe são normalmente imperceptíveis, a pesquisadora alerta para importância de se realizar exames periódicos.


Para ajudar a identificar os machucados, a pesquisadora sugere que as pessoas com lesões procurem regularmente dentistas, otorrinolaringologistas e estomatologistas. "Sexo seguro, sempre. Na boca, é preciso ainda uma avaliação cuidadosa e um tratamento especializado", alertou.