Em ações simultâneas ocorridas durante a madrugada de hoje (16/4), cerca de 2 mil famílias invadiram dois prédios na região central e um terreno na zona sul da cidade de São Paulo para pressionar as autoridades a construir moradias populares. Segundo os líderes da manifestação, ao todo participaram cerca de 2 mil famílias de sem-teto para reivindicar 3.050 construções. Além disso, um grupo mantém acampamento diante da sede da prefeitura, no Viaduto do Chá.
Os edifícios são os mesmos já ocupados em manifestações anteriores organizadas por diversos movimentos sociais que agem em favor dos sem-teto: o antigo prédio do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), na Avenida 9 de Julho, e o localizado na Avenida Prestes Maia, 911, próximo à Estação da Luz, de propriedade particular. Essas duas construções estão abandonadas e em estado de deterioração. O outro imóvel invadido é um terreno situado na estrada M; Boi Mirim, na zona sul.
De acordo com a coordenadora do Movimento Sem Teto do Centro (MSTC), Ivanete de Araújo, parte dos manifestantes é formada por famílias remanescentes do acordo firmado em 2007, com a participação das três esferas de governo (municipal, estadual e federal), para a desocupação do prédio da Prestes Maia.
Das 465 famílias atendidas, naquela época, conforme relatou, 175 não conseguiram comprar a casa própria e deixaram de receber a ajuda de custo para o pagamento do aluguel. O MSTC pede, entre outras reivindicações, a reabilitação ou revalidação das cartas de crédito obtidas por essas famílias.
Os demais participaram do ato por terem sido despejados ou porque vivem de favor em casa de amigo ou de parentes. Ivanete de Araújo afirmou que os sem-teto querem a desapropriação dos dois prédios para que sejam transformados em habitações. Só o da 9 de Julho, ela estima que poderia abrigar até 540 unidades. Além desse local, o Movimento reivindica a destinação para a mesma finalidade de outros pontos da região central, como o prédio da Avenida São João, n; 1.523.
A coordenadora-geral do Fórum de Moradia e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Fommaesp), Felícia Mendes Dias, informou que a ocupação do terreno envolveu 150 famílias de sem-teto. "A gente avaliou que essa área pode ser transformada em um projeto habitacional para atendimento de moradores que ganham de zero a três salários mínimos;, esclareceu ela, acrescentando que os recursos viriam do programa Minha Casa Minha Vida.
Felícia Mendes Dias justificou que o proprietário desse imóvel tem a intenção de vender a área que mede em torno de 10 mil metros quadrados.