Luiza Seixas
Na próxima semana, ainda sem dia certo, os interessados em participar do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) poderão se inscrever no programa que, a partir deste ano, terá regras mais brandas a fim de facilitar o ingresso dos estudantes nas faculdades particulares. A notícia foi dada na última terça-feira, em Belo Horizonte, pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, que informou que a medida provisória definindo o novo perfil do Fies será editada nos próximos dias pela Presidência da República.
Criado em 1999, o programa financia a graduação de estudantes sem condições de arcar com os custos de sua formação e que estejam regularmente matriculados em instituições pagas. Mas, apesar da boa intenção, alguns dos participantes não estavam conseguindo arcar com as dívidas do financiamento devido à alta taxa de juros, que chegou a 9% ao ano. Com isso, o objetivo do Ministério da Educação, agora, é tentar acabar com esse problema.
O novo programa terá juros de 3,4% ao ano, dará aos beneficiários um prazo de três vezes a duração do curso para a quitação, uma carência de 18 meses para começar a pagar a dívida e a possibilidade de os formandos em cursos de medicina e licenciatura abaterem 1% da dívida a cada mês trabalhado, caso optem por trabalhar na rede pública ou no Programa Saúde da Família. Além disso, torna obrigatória a exigência do fiador e determina preço fixo para as mensalidades cobradas. ;Recebemos uma demanda do movimento estudantil de que as mensalidades fossem fixas ao longo de todo o financiamento, o que está contemplado no novo Fies;, afirmou Haddad, em Belo Horizonte.
Dívidas
Para a presidente do Movimento Fies Justo, Daniela Pellegrini Nóbrega, as novas regras são boas e evitarão problemas para aqueles que ainda vão aderir ao programa. Mas ; ela lamenta ; não trazem nenhuma solução para quem já vem enfrentando dificuldades com a dívida. ;Quem está entrando não deve ter medo nenhum, pois a intenção do ministério é boa, ainda mais com a mensalidade fixa. Mas, se eles acham bonito arrumar solução só para quem ainda não precisa, ótimo. Vão ter que continuar aguentando nós, estudantes com imensas dívidas, brigando pelos nossos direitos;, criticou Daniela.
Segundo a presidente do movimento, o MEC deve trabalhar para tornar as novas regras retroativas e atender o pedido desses estudantes que querem um desconto de 30% do valor total da dívida. ;Quando começaram a falar da nova lei, todo mundo se animou por acreditar que seria o fim desse problema. Mas quando vimos que não era bem assim, ficamos desapontados e continuamos com a dificuldade de pagar. Cada vez mais chegamos à conclusão de que o Fies é um programa social com o objetivo de deixar os brasileiros no castigo. O interesse principal não é fazer com que o país tenha pessoas com um nível de escolaridade mais elevado. Precisamos de uma solução urgente;, cobrou Daniela.