;Essas ocupações são inaceitáveis e, por isso, as negociações estão suspensas. Com ocupação nós não conversaremos;, disse Hackbart, que havia previsto discutir a pauta de reivindicações com lideranças do movimento amanhã (20), durante todo dia.
Ele informou que o Incra já ingressou na Justiça com pedidos de reintegração de posse do prédio ocupado e orientou as superintendências regionais a fazerem o mesmo. A sede nacional do instituto, em Brasília, foi ocupada por cerca de 700 sem-terra na madrugada de hoje. De manhã, ao chegar para trabalhar, o presidente acabou não podendo entrar no prédio.
Além da sede em Brasília, o MST ocupou as superintendências de São Paulo, do Rio de Janeiro, do Pará, do Piauí e da Paraíba. A sede do Incra em Pernambuco está ocupada desde o último sábado (17).
As ocupações fazem parte do Abril Vermelho, jornada de luta que marca os 13 anos do massacre de Eldorado dos Carajás. Neste ano, os sem-terra cobram co governo o assentamento de cerca de 90 mil famílias, que, segundo o movimento, vivem atualmente em acampamentos.
O presidente do Incra duvida dos números apresentados pelo movimento e diz que a meta do governo neste ano é assentar 60 mil famílias. ;Eu duvido que tenha 90 mil famílias acampadas no Brasil;, disse Hackbart.
Já o MST alega que o número pode ser bem maior que o reivindicado, pois o levantamento data de agosto do ano passado.
Hackbart também reclama das acusações de que o governo alega não ter orçamento para fazer os assentamentos. ;Isso não é verdade. No período de 2003 a 2009, nós incorporamos 574 mil famílias à reforma agrária, criamos 3.548 assentamentos, recuperamos e construímos 385 mil casas nos assentamentos e incorporamos 47 milhões de hectares para a reforma agrária. É claro que é preciso avançar, mas não depende só do Incra;, afirmou.
O Incra diz que seu orçamento tem sido sistematicamente incrementado desde 2003, quando era de R$ 1,5 bilhão. O órgão chegou a 2009 com aumento de 300% em suas verbas, que somaram R$ 4,6 bilhões.
Além da ocupação dos prédios públicos, o MST contabiliza nessa jornada a invasão de 68 fazendas localizadas em Pernambuco (25), Bahia (15), São Paulo (11), Paraíba (5), Sergipe (4), Alagoas (2), Ceará (2), Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul (uma em cada estado).