Jornal Correio Braziliense

Brasil

MP vai apurar venda de jogadores ao exterior por empresários brasileiros

Um inquérito civil público do Ministério Público Federal, aberto ontem, vai investigar se está havendo aliciamento na transferência de jogadores brasileiros para o exterior. Durante um encontro realizado pelo Ministério da Justiça e autoridades da Suécia, procuradores da República receberam denúncias de que poderia haver nas negociações, recrutamento dos atletas mediante fraude. O MPF vai pedir informações sobre empresários, agentes e empresas que atuam na área perante a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e o Ministério do Esporte e pretende analisar os últimos negócios realizados pelos clubes. As denúncias chegaram ao procurador regional dos Direitos do Cidadão em São Paulo, Jefferson Aparecido Dias, durante o Seminário sobre Tráfico de Pessoas e Exploração Sexual, além de haver sites oferecendo serviços empresariais na área. %u201CDescobrimos na internet blogs e sites de relacionamentos onde empresários oferecem vagas em grandes clubes da Europa para jovens brasileiros%u201D, afirma Dias. %u201CPor isso achei que merecia uma investigação mais profunda%u201D, disse o procurador. A apuração vai começar a partir do levantamento das transferências registradas pela CBF, que cataloga as negociações feitas por vias legais. Porém, a própria entidade reconheceu, em 2008, que pelo menos 800 jogadores seguiram para o exterior sem que as transações fossem oficializadas. %u201CO número é muito alto, e é mais um motivo para fazermos a investigação%u201D, diz o procurador. O segundo caminho da apuração será encontrar os supostos empresários e realizar um levantamento das pessoas enviadas a outros países. O inquérito civil público é inédito no Ministério Público Federal, mas poderá abrir caminho para outras investigações, como lavagem de dinheiro. O procurador deverá solicitar ao Ministério da Justiça documentos ou apurações que estejam em andamento, já que existe a possibilidade de haver crimes de lavagem de dinheiro. %u201CO trabalho será feito em conjunto com todos os envolvidos%u201D, observa Dias. Segundo o procurador, a cooperação interessa não apenas às autioridades públicas, mas também à própria CBF que terá um controle maior das transferências e dos agentes envolvidos.