Jornal Correio Braziliense

Brasil

Rio tem 223 mortos na tragédia provocada pelas chuvas

O Estado do Rio de Janeiro já tem 223 mortos vítimas das chuvas recentes, informou neste sábado (10/4) o Corpo de Bombeiros, que ainda busca corpos de cerca de 200 pessoas soterradas, em meio a críticas à omissão das autoridades à construção de favelas em áreas de risco. [SAIBAMAIS]Os socorristas prosseguem com o trabalho de resgate no Morro do Bumba, em Niterói, onde ocorreu o pior dos deslizamentos. No local já foram resgatados mais de 30 corpos, enquanto se aguarda notícias sobre outras 200 pessoas, que poderiam estar sob toneladas de lama e escombros. Neste sábado pela manhã, sob um sol reluzente, os trabalhos de resgate prosseguiam em Niterói, a cidade fluminense mais afetada pela tragédia, com 141 mortos até o momento. A capital do Estado registra 63 mortos. Os moradores querem, agora, explicações das autoridades sobre um fenômeno que se arrasta há décadas: a construção de habitações precárias em áreas de risco, permitida pelos governos, e considerada a principal causa da tragédia em Niterói. A favela do Morro do Bumba cresceu sobre um velho depósito de lixo, compactado pelo tempo, sem maiores cuidados. O governador do Estado, Sérgio Cabral, culpou na sexta-feira toda a sociedade por tragédias como a de Niterói. "Fui criticado quando quis construir muros em algumas favelas para evitar que se expandissem. Os demagogos nos criticaram. E a demagogia mata", defendeu-se. Na cidade do Rio de Janeiro, o prefeito Eduardo Paes assinou um decreto que autoriza a remoção à força de moradores que insistirem em permanecer em casas construídas em áreas de risco. Agora, a ameaça paira sobre outro morro vizinho ao Bumba, também ocupado por uma favela: o Morro do Céu. O lugar, que inicialmente funcionava como fazenda, começou a ser utilizado como depósito de lixo em 1983. É lar de centenas de pessoas que se mostram temerosas de que ocorra uma nova tragédia. Lucia Pedrosa, uma moradora do local, contou que há alguns anos a prefeitura de Niterói afirmou que desalojaria os ocupantes, indenizando-os, mas isso não ocorreu. "Vieram avaliar. Apresentamos todos os documentos que possuíamos ... mas até agora nada", desabafou.