Rio de Janeiro - Os passageiros do ramal de Saracuruna, na Baixada Fluminense, que se dirigiam à Central do Brasil, ficaram sem dois trens na manhã de desta quinta-feira (25/3), e, revoltados, atearam fogo em um vagão, quebraram placas, lixeiras e ainda tentaram saquear as bilheterias. De acordo com o relato de pessoas que estavam na estação, após serem transferidos quatro vezes para outras composições, que também não chegaram a sair da estação, os passageiros se irritaram e o tumulto começou.
Os bombeiros controlaram o fogo por volta das 9h, e a Polícia Militar foi acionada para conter a manifestação. Uma pessoa foi presa por tentativa de saque às bilheterias, mas não houve nenhum furto durante o tumulto, segundo a polícia no local. Também não há informações sobre feridos.
De acordo com a Supervia, concessionária do transporte ferroviário, a partida do trem não ocorreu por motivos de segurança a fim de evitar uma paralisação no meio da viagem. O diretor de marketing da Supervia, José Carlos Leite, destacou que "qualquer tumulto é uma condição de exceção, porque as pessoas sabem que esse é um bem deles e fará falta no dia seguinte".
Leite também afirmou que a pontualidade da Supervia hoje é de 90%, e que a empresa transporta 500 mil pessoas por dia. "Então apenas 50 mil pessoas têm alguma experiência de atraso diariamente. Sei que algumas pessoas quebraram algumas coisas, isso é uma atitude impensada de um número reduzido de pessoas que não são nossos passageiros. Pedimos paciência, temos uma frota em processo de renovação mas não será de imediato. O governo do estado acabou de comprar 39 trens que só chegam a partir do ano que vem", declarou.
Moradores da região relataram que o atraso dos trens é comum, que há problemas no ar condicionado e que eventualmente pessoas passam mal nas viagens. Segundo Roseli Alves Maciel, que perdeu o dia de trabalho e não teve ressarcimento da passagem, os passageiros de Saracuruna estão abandonados e cansados.
;Os trens estavam quebrados, eu acabei não indo trabalhar. Perdi o dinheiro da minha passagem, porque botaram fogo no vagão que eu estava e eu saí correndo passando pela roleta e fiquei sem o ticket. O passageiro está cansado, a gente chega aqui cedo e fica em pé, sempre tem problema e nunca vem ninguém, é uma falta de respeito;, afirmou Roseli.
O comandante do 15; Batalhão da Polícia Militar, Sérgio Mendes, esteve no local e afirmou que ;alguns passageiros atearam fogo em papeis e no lixo dentro de uma composição, que foi rapidamente debelado sem causar grandes danos. Foi um problema pontual em função de uma pane na composição que gerou essa manifestação;.
A estação de Saracuruna ficou fechada das 7h15 até as 9h50, mas às 8h30 saíram três trens com destino à Central do Brasil. A Agência Reguladora dos Transportes Públicos Concedidos do Estado (Agetransp) enviou uma equipe de fiscalização ao local para apurar o incidente, e o Conselho Diretor da agência já determinou a abertura de processo regulatório para apontar responsabilidades e aplicar as penalidades cabíveis.