Os médicos do Hospital de Pronto Socorro João XXIII, em Belo Horizonte (MG), iniciam na próxima segunda-feira, dia 15, uma greve por tempo indeterminado. A partir das 7h deste dia só serão atendidas as emergências com risco de morte, nos mesmos moldes da paralisação realizada no último 9 de março. A decisão saiu de uma reunião realizada na noite desta quinta, realizada no sindicato da categoria (Sinmed-MG).
O fim da paralisação está condicionado a uma proposta de melhoria nos salários-base e nas condições de trabalho. Uma nova assembléia foi marcada para a quarta-feira, dia 17, às 19h, no hospital.
De acordo com o Sinmed, o salário dos médicos gira hoje em torno de R$2.400 por jornadas de 24 horas semanais. O valor não considera os abonos por tempo de serviço e produtividade, que variam de acordo com o profissional e a carreira. O reajuste pedido não inclui abonos, mas um montante que seja incorporado ao salário para que haja ganho real. O valor é muito inferior aos R$ 8,2 mil sugeridos como piso pela Federação Nacional dos Médicos (Fenan) para campanhas da categoria no país.
Ainda de acordo com o sindicato, os baixos salários não conseguem atrair novos profissionais e muitos estão deixando o hospital. Com isso, as equipes estão incompletas e são comuns as situações em que pacientes não recebem o atendimento adequado por falta de profissionais, como anestesistas e neurocirurgiões. Também são constantes as vezes em que faltam equipamentos e medicação para o atendimento, conforme relatos impressionantes dos livros de ocorrência em posse do sindicato dos médicos.
O João XXIII é uma das referências no país para o atendimento de traumas, queimados e intoxicações. O hospital realiza entre 300 e 500 atendimentos por dia.
A Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig) deve se pronunciar sobre a greve até o final do dia.