Brasil

Médicos brigam e bebê morre na hora do parto

postado em 26/02/2010 08:19
No último domingo (21/2), uma história que era para terminar em alegria acabou em tragédia. A costureira Gislaine de Matos Rodrigues deu entrada no hospital municipal de Ivinhema (MS), onde daria à luz a filha, e pediu para que o médico com quem fez o pré-natal realizasse o parto, que estava marcado apenas para o dia seguinte. Mesmo não estando de plantão, o médico internou a grávida e afirmou que realizaria o parto. Durante o procedimento, na madrugada de terça-feira, outro médico, que estava de plantão, invadiu o centro cirúrgico e informou que não aceitaria que outra pessoa realizasse o trabalho. Assim, os dois iniciaram uma discussão e, mesmo com o pedido da paciente para que parassem e dessem atenção ao parto, eles só saíram quando seguranças do estabelecimento interferiram na briga. Porém, já era tarde. Quando um terceiro médico chegou para dar continuidade, o bebê já tinha morrido de asfixia.

Esse seria o segundo filho dela, que já tem um com 12 anos. Ela afirmou que está sentindo um vazio enorme no peito e que, para evitar as dolorosas lembranças, as peças que havia comprado para o enxoval serão doadas ou devolvidas para as lojas, caso elas aceitem. Gislaine disse ainda que não pensa em ter outro filho agora e que ela e o marido vão lutar por justiça, pois, como destacou, o caso não pode ficar sem punição ou acontecer novamente.

Em nota divulgada na terça-feira, a prefeitura de Ivinhema informou que já dispensou os serviços dos médicos e que uma auditoria médica municipal do Sistema Único de Saúde (SUS) foi instaurada. Além disso, o comunicado ressaltou que, ;com o objetivo de ter uma apuração administrativa imparcial, buscou-se apoio na Coordenadoria Estadual de Controle, Avaliação e Auditoria, que disponibilizou técnicos para viabilizar todo o suporte necessário nas investigações;. ;Outra medida tomada pela Administração Pública foi disponibilizar uma psicóloga para acompanhamento permanente de Gislaine de Matos Rodrigues Santana;, afirmou a nota.

Em entrevista ao portal G1, o assessor jurídico do Conselho Regional de Medicina, André Borges, disse que o órgão também determinou a instauração de uma sindicância disciplinar para apurar o ocorrido. Como destacou, os médicos podem receber desde uma simples advertência até ter o registro profissional suspenso. Eles deverão apresentar uma defesa preliminar dentro de dez dias.

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