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Presidente da Funase admite tortura de internos

Logo após a rebelião ser controlada, o diretor-presidente da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) em Pernambuco, Alberto Vinícius Melo do Nascimento, admitiu que internos foram vítimas de maus tratos e espancamentos. E disse que o motim foi facilitado por agentes acusados de terem cometido as agressões. Segundo o diretor, movimentações como a observada nesta manhã só podem ocorrer com a anuência de quem trabalha na segurança do local. Ou seja, foram exatamente os supostos torturadores que possibilitaram aos internos protestar contra os maus tratos.

Ainda de acordo com Nascimento, os agentes teriam permitido a rebelião em represália à informação de que serão afastados das funções. Ele confirmou que os autores serão, de fato, desligados. ;O governo não aceita esse tipo de postura. Isso é ilegal. O que aconteceu aqui foi atípico. Mas estamos investigando tudo. Contamos com a ajuda de entidades da sociedade para manter o bom funcionamento;, disse, acrescentando que os profissionais que atuam na Funase são avaliados periodicamente. ;Há um mês fizemos esse trabalho de
avaliação;, completou.

O prejuízo ainda não foi calculado, mas, segundo a assessoria de comunicação da Funase, os internos, quebraram e queimaram, além de colchões, equipamentos de escritório, computadores, cadeiras, mesas e material estocado no almoxarifado. As celas não foram afetadas. A Funase de Abreu e Lima tem capacidade para receber 98 rapazes de 15 a 18
anos. Mas abriga cerca de 326 jovens que cumprem penas socioeducativas por terem cometido crimes. O local reúne autores de furtos até assassinatos.

Após a rebelião, cerca de 20 pessoas, entre pais e familiares dos internos, conseguiram entrar na unidade para conversar com os parentes. Muitos confirmaram que os rapazes foram vítimas de espancamento na terça-feira de carnaval. Alguns exibiam cartas dos filhos atestando os maus tratos.