Recife ; O vento forte passou em Pernambuco, na quinta-feira, mas os estragos ainda estão sendo contabilizados. No fim da manhã de ontem, cerca de 20 bairros do Recife, de Olinda, de Jaboatão dos Guararapes e de Camaragibe ainda apresentavam trechos sem energia elétrica. Em determinados pontos do Grande Recife, o apagão durou mais de 24 horas. Em alguns prédios da Avenida Boa Viagem, Zona Sul da capital, a energia só voltou entre 10h e 11h. Em Prazeres e Cavaleiro, em Jaboatão, moradores ficaram sem luz elétrica até a tarde de ontem. A Companhia Energética do estado (Celpe) contabilizou uma ocorrência de grande porte e 28 de dimensões médias, sem contar com casos menores espalhados por quase todos os bairros da Região Metropolitana do Recife. O blecaute trouxe prejuízos para comerciantes e donas de casa.
Um dia após as rajadas de vento, o Laboratório de Meteorologia de Pernambuco (Lamepe) registrou ventos de 31km/h às 9h na plataforma de coleta de dados meteorológicos do Recife. Já o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) registrou um pico de pouco menos de 30 km/h entre 0h e 1h. No interior, no entanto, voltou a haver rajadas. Dessa vez, a maior foi de 117km/h, em Petrolina, às 9h, segundo dados do Lamepe.
Na última quinta-feira, a maior ocorrência registrada pela Celpe foi o desligamento total da subestação energética da Tamarineira, que atende parcialmente os bairros das Graças, Rosarinho, Espinheiro, Aflitos, Jaqueira e da própria Tamarineira. O problema foi causado pela queda de galhos sobre a fiação que fica em frente à subestação. Ontem, em meio à contabilidade dos prejuízos, uma pergunta ainda permanecia sem resposta. A dúvida era sobre a possibilidade de prevenir um apagão dessa dimensão caso ventos fortes voltem a soprar no estado. A má notícia veio da Celpe. Segundo o gerente de Operação da companhia, Saulo Cabral, era impossível evitar a falta de energia iniciada na última quinta-feira.
;Com ventos desse porte, não há como prevenir. Há como se preparar para combater seus efeitos;, afirmou Cabral. De acordo com ele, quando objetos como galhos de árvore e placas atingem a rede elétrica, podem provocar um curto-circuito. Quando isso ocorre, o sistema é desligado automaticamente para proteger os equipamentos e as pessoas. O curto ocorre quando fios se rompem ou se tocam, por exemplo.
Poda de árvores
De acordo com Saulo Cabral, nem a poda periódica das árvores nem a instalação de uma rede mais moderna em áreas mais arborizadas evitam apagões em situações como a vivenciada na tarde da última quinta, quando a velocidade do vento chegou a 86km/h no Recife e 155km/h em Palmares, segundo dados do Lamepe.
Em Boa Viagem, o computador da advogada Teresa Vieira de Vasconcelos pifou. Ela disse que se tiver perdido o material salvo na máquina tentará ser ressarcida dos prejuízos. Já Antônio Paulino dos Santos perdeu seis guarda-sóis por causa do vento forte. ;Até as cadeiras que estavam sem pessoas foram desarmadas e arrastadas pelo vento;, disse.