Jornal Correio Braziliense

Brasil

Nomes de assassinos de jovem prodígio do Recife são divulgados pela polícia

Os nomes dos autores do assassinato do estudante de biomedicina Alcides do Nascimento Lins, 22 anos, morto na porta de casa na Vila de Santa Luzia, na noite da última sexta-feira, no bairro da Torre, no Recife, foram divulgados ontem pela polícia. O presidiário foragido João Guilherme Nunes Costa, 28 anos, o Guigo, e um adolescente de 16 anos, são da própria comunidade. Eles teriam cometido o crime por motivo banal. Procuravam por dois desafetos para acertar dívidas com o tráfico de drogas e, ao bater na casa de Alcides, o jovem teria se negado a dar informações sobre o paradeiro das pessoas, que também moram na Vila de Santa Luzia. A atitude de não revelar o endereço dos vizinhos acabou levando Alcides à morte. Baleado com dois tiros na cabeça, o rapaz não resistiu. Morreu ao dar entrada na emergência do Hospital da Restauração. No início da tarde de ontem, os criminosos tiveram a prisão preventiva decretada pelo juiz Ernesto Bezerra Cavalcanti, da 1; Vara do Júri da Capital. Mas até o fim desta edição, nenhum dos dois envolvidos com o homicídio havia sido preso. A foto do presidiário foi divulgada para que a população ajude a localizar o rapaz. De acordo com o diretor geral de operações da Polícia Judiciária, o delegado Osvaldo Moraes, os disparos que tiraram a vida do universitário foram efetuados pelo adolescente de 16 anos. ;Ele atirou porque ficou com raiva, não porque o confundiu com uma das pessoas que procurava. Um dos alvos era um traficante rival conhecido como Saúba. A vítima (Alcides) nem tinha semelhança física com ele, que tem pele clara;, esclareceu Moraes. Os criminosos, segundo o delegado, disputavam pontos de drogas na Vila de Santa Luzia. O assassinato chocou a comunidade, que se orgulhava de Alcides por ser ele ser um jovem de origem humilde, filho de uma ex-catadora de lixo, que, em 2006, conseguiu o primeiro lugar no vestibular para o curso de biomedicina da Universidade Federal de Pernambuco. [SAIBAMAIS]Estudioso, o rapaz era bolsista da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (Facepe), estagiava no Hemope (hemocentro do estado) e se formaria no fim deste ano. O adolescente de 16 anos não passou do primeiro grau. O foragido também. No entanto, tinha ficha criminal extensa. Em 2000, João Guilherme foi condenado a uma pena de 16 anos por matar um vizinho, também na Torre. Guigo, como é chamado, tem ainda envolvimento com assaltos a bancos, receptação e tráfico de drogas. Num dos autos de processo a que responde na Justiça, ele é apontado como conhecido ;matador; na comunidade. Também é definido como ;uma pessoa de personalidade delineada por comportamentos voltados para a violência, demonstrando um alto nível de periculosidade e de falta de respeito com a vida humana;. Guigo cumpriu seis anos, cinco meses e sete dias da pena pelo homicídio e foi beneficiado com o regime semiaberto. Foi transferido em 11 de janeiro da Penitenciária Barreto Campelo, em Itamaracá, para a Penitenciária Agroindustrial São João, no mesmo município, de onde fugiu em 27 de janeiro. Segundo o delegado Osvaldo Moraes, os dois acusados foram reconhecidos pelas testemunhas por meio de fotografias. ;Tanto a família do rapaz assassinado quanto os alvos dos criminosos ajudaram na identificação;, comentou. A arma do crime, um revólver de calibre 38, ainda não foi apreendida pela polícia. ;Montamos um esquema envolvendo policiais de várias delegacias para tentar capturar os criminosos. A prisão deles deve acontecer dentro de 48 horas;, garantiu. A mãe de Alcides e as três irmãs do estudante estão sob a guarda do Programa de Proteção à Testemunha, mantido pela Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do estado. Em depoimento, uma das irmãs contou à polícia que já passavam das 23h30 quando os assassinos bateram na porta de casa. Eles teriam agarrado Alcides, que chegou a afirmar várias vezes que não era a pessoa que eles procuravam e que não sabia onde elas estavam. Os dois criminosos saíram da casa e, minutos depois, voltaram. Foi quando Alcides abriu a porta e recebeu dois tiros, um na altura do olho e outro perto da nuca. MISSA PARA O RAPAZ A Universidade Federal de Pernambuco promove amanhã uma missa seguida de ato público para homenagear o estudante assassinado. Às 10h, no hall do Centro de Convenções da UFPE, será celebrada a cerimônia em memória de Alcides. A missa será celebrada pelo padre Romeu da Fonte, da Paróquia da Torre, da qual o rapaz fazia parte. Logo após, às 11h, ocorrerá o Ato pela Vida, uma caminhada organizada pela Reitoria e alunos da UFPE, tendo como entidades convidadas o Hemope (onde Alcides estagiava), UFRPE, UPE, Unicap, Facepe, UNE, DCE, escolas públicas, entre outras.