[SAIBAMAIS]O risco de uma epidemia de dengue, que já fez soar alarme em Belo Horizonte, ultrapassa os limites da capital e ganha dimensões estaduais, enquanto cresce o número de casos suspeitos e as autoridades sanitárias investigam aquela que pode ser a primeira morte associada à doença no ano. A vítima foi uma mulher de 68 anos, moradora de Arcos, no Centro-Oeste de Minas, onde já foi decretada situação de emergência diante da doença. O mais preocupante é que o município sequer integra a lista dos 27 no estado que fizeram o primeiro Levantamento do Índice Rápido de Infestação para Aedes aegypti (Liraa) de 2010, cujo resultado foi alarmante. Nada menos que 25 dessas cidades estão em estado de alerta ou de risco iminente de enfrentar um surto.
Em dez delas, a situação é mais grave, com números muito superiores ao considerado aceitável pelo Ministério da Saúde, como é o caso de Ituiutaba, no Triângulo Mineiro, onde a cada 100 imóveis, oito registram focos do mosquito. Em situação bem parecida está a maior cidade do Norte de Minas, Montes Claros, onde o Liraa é de 7,8% (veja quadro). Outros 15 municípios estão em alerta, apresentando levantamento de a 1% a 3,8% de infestação. Em BH, o Liraa é de 4,2%.
Em Arcos, além da morte sob investigação, ocorrida terça-feira, as autoridades de saúde investigam dois casos suspeitos de dengue hemorrágica. No município, com pouco mais de 35 mil habitantes, aproximadamente 150 casos foram registrados somente neste mês. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, se os casos hoje considerados suspeitos forem confirmados, esse número pode ultrapassar os 3 mil doentes. Para que se tenha uma idéia da gravidade da situação na cidade do Centro-Oeste, BH registra 65 casos confirmados.
O avanço da doença preocupa, especialmente diante dos altos índices de infestação pelo mosquito transmissor no estado. Nas duas primeiras semanas epidemiológicas deste ano, o número de casos de dengue notificados foi 73% superior ao do mesmo período do ano passado. Já são 3.253 notificações, contra as 1.880 de 2009. No primeiro lugar no ranking de notificações no interior aparece Pirapora, no Norte de Minas, com 311 casos. No ano passado, a cidade sequer figurava no ranking.
Numa comparação geral, dos 26 municípios que responderam ao Liraa, 20 superaram os indicadores de janeiro do ano passado. É o caso de Sete Lagoas, na Região Central, que passou de 1,7% para 5,7% de infestação. Conselheiro Lafaiete , na Região Central, foi a única das 26 cidades que apresentou índice de infestação do mosquito em nível satisfatório, de 0,7%.
A Secretaria de Estado da Saúde informou que mantém convênio com 27 municípios mineiros para a apuração do Liraa, por meio dos Planos de Intensificação das Ações de Controle da Dengue. Os levantamentos são feitos três vezes ao ano, uma na primeira quinzena de janeiro, a outra na segunda quinzena de março e a terceira da segunda quinzena de outubro até a primeira quinzena de novembro. Mas, de acordo com o superintendente de Vigilância Epidemiológica, Francisco Lemos, a expectativa é de que no fim do ano, outras 20 cidades possam fazer parte do levantamento.
Aqueles municípios que não participam do Liraa também medem seus índices, porém, segundo a secretaria, seguem outra metodologia e os números são repassados para a SES somente após o encerramento do ciclo. ;É por meio do Levantamento de Índice de Infestação, que leva cerca de sete dias para ficar pronto, sendo que o Liraa, que é mais moderno e conta com o auxílio de computadores no sorteio de imóveis vistoriados, leva três dias para ser concluído;, compara m Lemos, acrescentando que os 27 municípios que participam do Liraa desde 2007 foram escolhidos pelo Ministério da Saúde e têm as maiores áreas territoriais de Minas.
CAPITAL Em Belo Horizonte, onde segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o Liraa é de 4,2%, já são 680 casos suspeitos de dengue. Desses, 65 foram confirmados, mais de cinco vezes superior ao número de diagnósticos positivos da semana passada: 12. Apesar de o Liraa tem indicado maior infestação na Região da Pampulha, onde a cada 100 imóveis há 5,9 com presença do mosquito, a transmissão está mais alta em outros pontos da capital. A Região de Venda Nova é a que apresenta o maior número de pessoas com a doença, 18, seguida da Oeste, com 16, e Noroeste, com 11 confirmações.
Ontem, a mobilização de agentes de zoonoses foi no Bairro Santa Terezinha, na Pampulha, que tem focos em 10% dos imóveis. Por isso, um grupo com pandeiros, carro de som e roupas coloridas convocou a comunidade a combater os criatórios do mosquito. Hoje, o mutirão antidengue ocorre no Barreiro.