Rio de Janeiro - Aprovado pela prefeitura e avalizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o projeto da futura sede da Eletrobrás tem posição contrária da entidade que habilita profissionais de engenharia e arquitetura. O presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ), Agostinho Guerreiro, disse hoje (21) que condena o projeto desde sua concepção.
;O prefeito alterou, na Câmara Municipal, a legislação do Corredor Cultural da Lapa, que limitava a seis andares as construções no local, para permitir o espigão de 44 andares. Não houve qualquer discussão pública, nem a sociedade foi ouvida, e esse projeto é uma ameaça à toda a área que guarda características importantes da cultura, da arquitetura e da própria paisagem, que será, sem dúvida alguma, agredida;, lamenta Guerreiro.
Pelo projeto, o prédio poderá ter até 133 metros de altura. Os Arcos da Lapa, que datam de 1750 e são o principal cartão postal do centro da cidade do Rio de Janeiro, medem 18 metros de altura.
;O Corredor Cultural foi uma grande vitória, nasceu como resposta ao processo de destruição progressiva das características históricas, arquitetônicas e paisagísticas do centro do Rio;, lembra. O presidente do Crea-RJ lembrou ainda de projetos arquitetônicos ousados na área, onde estão o Paço Imperial, a Praça XV e estreitas ruas que dão acesso ao Largo da Carioca e à Lapa.
Guerreiro diz que, na criação do Corredor Cultural da Lapa, há mais de uma década, foram ouvidos profissionais da esfera de ação do conselho, mas também empresários, músicos e artistas. Um processo bem diferente do atual, na sua opinião.
;De repente, surge um projeto de forma pouco discutida, é um projeto chapa branca. Se fosse o resultado de um concurso público, que é o meio mais democrático de discussão num caso assim, mas não. A prefeitura, o Iphan, o Inepac [Instituto Estadual do Patrimônio Cultural] e a Câmara de Vereadores resolveram tudo e aprovaram o projeto.;
O Crea-RJ argumenta que projetos deste porte alteram completamente a proposta de preservação arquitetônica e histórica destas áreas e que o projeto de construção da sede da Eletrobrás causará a desvalorização do Corredor Cultural da Lapa.
Em nota distribuída recentemente, quando começou a polêmica, a Secretaria Municipal de Urbanismo informou que o aumento do gabarito para atender o projeto da Eletrobrás ;revitaliza e recupera a essência da atividade econômica do Rio;.
;No local, hoje, funciona um estacionamento e não há nenhum imóvel tombado, ou seja, não há valor cultural e urbanístico agregado;, concluiu o secretário Sérgio Dias.