Uma adolescente de 14 anos de Nova Serrana, no Centro-Oeste de Minas Gerais, a 125 quilômetros de Belo Horizonte, provou que, muito mais que comprar celulares modernos e roupas de marcas famosas, os jovens têm bons exemplos para mostrar. Graças às técnicas de reanimação de vítimas de afogamento, aprendidas em 2008 durante o projeto Bombeiro mirim, Débora Aparecida Dionízio Silva conseguiu salvar a vida do amigo Igor Arcanjo Batista, de 12. A iniciativa foi fundamental para que o menino conseguisse chegar vivo até o pronto atendimento do Hospital São José, onde ficou internado até terça-feira, quando recebeu alta.
[SAIBAMAIS]A ideia era fazer um programa diferente durante as férias. Aproveitando que os termômetros marcavam mais de 30 oC, Débora, Igor e o amigo Breno Vinícius Leite, de 14 anos, decidiram na segunda-feira pescar e nadar em uma lagoa na zona rural da cidade. A mãe do garoto de 12 anos, Juliana Teresa Batista Silva, de 35, acompanhou os adolescentes, mas, como o sol estava forte, decidiu voltar para casa.
Algumas horas depois, Débora percebeu que Igor estava demorando a sair da lagoa. Ao procurar pelo amigo, viu que ele estava se afogando. Assustada, chamou Breno, que tentou tirar o colega da água, mas não conseguiu. A adolescente avistou uma moto com dois homens passando por uma estrada, atrás da lagoa, e pediu ajuda. Ao ser retirado da água, Igor estava desacordado e não respirava. Ele havia ficado cerca de quatro minutos submerso. Débora não teve dúvidas: tinha de agir rápido. Ela fez respiração boca a boca e massagem cardíaca no amigo. Em seguida, colocou-o deitado de lado, para que pudesse aos poucos expelir a água dos pulmões.
Segundo o sargento Robert Alexandre Souza Alves, do Corpo de Bombeiros, os procedimentos feitos antes do resgate aparecer salvaram a vida do adolescente. "Se fosse esperar a equipe chegar ao local, ele não teria muitas chances. Até mesmo a forma com que ela o colocou de lado e não de costas foi importante para que expelisse a água", afirma. Igor passou a noite no hospital em observação. Na manhã de terça-feira, acompanhado dos amigos e da família, o menino voltou para casa. Ainda assustado e abatido, ele quis apenas receber o carinho de Débora e Breno. "Meu filho nasceu de novo. Não tenho como agradecer. Tudo o que eu disser vai ser muito pouco", comentou Juliana.
Projeto
Emocionada, a amiga Débora fez questão de permanecer o tempo todo ao lado do amigo que ajudou a salvar. Ela queria se certificar de que Igor, de quem é vizinha desde os nove anos de idade, estava realmente bem. "Estou muito feliz. Fiquei assustada quando vi ele se afogando. Quando participei do Bombeiro Mirim, não achava que algum dia poderia ajudar a salvar alguém. Tive a sorte de Breno estar lá comigo e de ter encontrado os dois homens que nos ajudaram e nem sequer conheço, mas que não tiveram medo de descer para prestar socorro", afirma.
O projeto Bombeiro Mirim foi criado pelo Corpo de Bombeiros em Nova Serrana em 2008 e já formou cerca de 280 crianças e adolescentes. O objetivo é orientar e instruir corretamente os alunos sobre como agir em situações de emergência, além de proporcionar uma maior integração entre a corporação, a escola, a família e a comunidade. Em 2010, quatro turmas serão formadas.