Jornal Correio Braziliense

Brasil

Lei estabelece que escolas têm até agosto para oferecer o espanhol como disciplina obrigatória

Diretores, no entanto, destacam a falta de professores

Escolas públicas e particulares de todo o país que ainda não se adequaram terão até agosto para passar a oferecer o ensino de língua espanhola aos estudantes do ensino médio. A determinação é da Lei federal n;11.161, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não só transforma a disciplina em obrigatória como dá para as instituições de ensino o prazo de cinco anos para a conclusão do processo de implantação. Curiosamente, a obrigação acaba no dever da escola, segundo a legislação, o aluno pode optar por cursar ou não a matéria.

Os diretores de escolas acreditam que a ideia, embora pareça adequada, deve resultar em um problema grave: encontrar professores qualificados para ministrar a nova disciplina. Para o diretor do Centro de Ensino N; 3 de Ceilândia, Waldek Batista, os alunos em processo de formação que aceitarem a oferta terão várias portas abertas na carreira profissional. Como destacou, a atual realidade é ;de um mundo globalizado e de um mercado de trabalho competitivo;, por isso, ;aqueles que tiverem no currículo outra língua, terão mais oportunidades;. Mas ; Waldek ressalta ; vai ser difícil colocar em prática o que manda a lei. ;Hoje, o estado já obriga a oferta do inglês. Mas no caso do espanhol, vamos passar por dificuldades. A Secretaria de Educação terá que prover as escolas com esses professores, habilitados para trabalhar com essa disciplina;, destacou o diretor.

A presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe-DF), Amábile Pacios, explica que as escolas particulares já oferecem o ensino da língua espanhola, mas também encontram dificuldade para fechar o corpo docente. ;Não vai ter professor para atender todas as escolas. O governo, de fato, vai precisar incentivar as pessoas para que elas possam optar pelo curso de espanhol para dar aula.;

Outro ponto destacado por Amábile é que, se os legisladores começarem a acrescentar disciplinas na grade curricular, as escolas terão dificuldade para ensinar a ler e a escrever. ;A obrigatoriedade da educação no trânsito e educação sexual, por exemplo, são projetos de lei que estão esperando para serem aprovados. Daqui a pouco, não teremos hora para dar o português e a matemática. Os legisladores precisam conversar com os educadores antes de apresentarem as propostas;, diz a presidente. Outra matéria que também já é obrigatória, e até o ano que vem deverá ser implantada nas escolas, é o ensino de música.

Às vésperas de iniciar o ano letivo, a coordenadora de Supervisão Institucional e Normas de Ensino da Secretaria de Educação, Leila Pavanelli, explicou que o órgão está começando a trabalhar para colocar a lei em prática. Até o fim do mês de janeiro, a secretaria divulgará o edital do concurso para a contratação de outross professores para as escolas públicas. ;O ensino do espanhol é um decreto presidencial e nós podemos implantar até o mês de agosto. Porém, decidimos que já vamos chamar os profissionais para começar a trabalhar, provavelmente, até o mês de março.;


"Daqui a pouco, não teremos hora para dar o português e a matemática. Os legisladores precisam conversar com os educadores antes de apresentarem as propostas"
Amábile Pacios, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe-DF)


O número
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Quantidade de professores estimada pela Secretaria de Educação não parece alta, mas preencher as vagas pode não ser tão simples
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Parcerias podem ser a solução
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Um levantamento realizado pela Secretaria de Educação do Distrito Federal mostra que para atender as 76 escolas públicas de ensino médio do DF serão necessários cerca de 81 professores. Mas esse número, segundo Pavanelli, pode ser alterado devido à demanda dos centros de ensino. Ela lembra ainda que o anúncio oficial da medida só será feito quando todo o processo estiver finalizado.

;Ainda pelo decreto, o aluno poderia optar pela matéria. Mas nós vamos colocar em discussão para que, a partir do momento em que a gente tenha o professor, todos os alunos sejam inseridos no ensino. Teremos Copa do Mundo e Olimpíadas no Brasil, então é muito importante que toda a população do Distrito Federal, que recebe um número muito grande de turistas, saiba falar outras línguas;, argumenta a coordenadora de Supervisão Institucional e Normas de Ensino da Secretaria de Educação, Leila Pavanelli.

Em relação às escolas particulares, Leila afirma que aquelas que ainda não têm o número suficiente de professores deverão contratar, pois a secretaria vai fiscalizar o cumprimento da lei. ;As escolas particulares estão preocupadas. Mas nós demos a opção de realização de parcerias com escolas de línguas. Assim, será mais fácil cumprir o que pede a lei;, disse.

Se as escolas ainda não sabem como proceder exatamente, os alunos, ao que parece, veem uma boa perspectiva na obrigatoriedade do espanhol. ;É importante ter inglês e espanhol. E eu, por exemplo, provavelmente não faria o curso em outro lugar. Então, na escola, eu aprendo pelo menos o básico;, comemora a aluna Gabriela Vieira, 14 anos. Moara Ribeiro, de 16, lembra da importância de os brasileiros aprenderem a língua: ;No nosso continente, somos os únicos que não falamos espanhol;.

Mas para a aluna Marina Miranda, 16 anos, o espanhol só vai funcionar se for bem ministrado. ;A gente vem aprendendo o básico para fazer o vestibular. Então, o ensino deveria ser aprimorado para que o objetivo principal tenha realmente resultado.;

Na última terça, em São Paulo, durante lançamento de programa que amplia o ensino de língua estrangeira complementar para alunos do 2; e 3; ano do ensino médio, o governador José Serra afirmou que a lei foi ;realmente uma coisa atropelada;. Ele disse ainda que não será criada uma estrutura permanente para o programa, já que as aulas são opcionais. (LS)

"Daqui a pouco, não teremos hora para dar o português e a matemática. Os legisladores precisam conversar com os educadores antes de apresentarem as propostas"
Amábile Pacios, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe-DF)


O número
81
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Quantidade de professores estimada pela Secretaria de Educação não parece alta, mas preencher as vagas pode não ser tão simples
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Parcerias podem ser a solução
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Um levantamento realizado pela Secretaria de Educação do Distrito Federal mostra que para atender as 76 escolas públicas de ensino médio do DF serão necessários cerca de 81 professores. Mas esse número, segundo Pavanelli, pode ser alterado devido à demanda dos centros de ensino. Ela lembra ainda que o anúncio oficial da medida só será feito quando todo o processo estiver finalizado.

;Ainda pelo decreto, o aluno poderia optar pela matéria. Mas nós vamos colocar em discussão para que, a partir do momento em que a gente tenha o professor, todos os alunos sejam inseridos no ensino. Teremos Copa do Mundo e Olimpíadas no Brasil, então é muito importante que toda a população do Distrito Federal, que recebe um número muito grande de turistas, saiba falar outras línguas;, argumenta a coordenadora de Supervisão Institucional e Normas de Ensino da Secretaria de Educação, Leila Pavanelli.

Em relação às escolas particulares, Leila afirma que aquelas que ainda não têm o número suficiente de professores deverão contratar, pois a secretaria vai fiscalizar o cumprimento da lei. ;As escolas particulares estão preocupadas. Mas nós demos a opção de realização de parcerias com escolas de línguas. Assim, será mais fácil cumprir o que pede a lei;, disse.

Se as escolas ainda não sabem como proceder exatamente, os alunos, ao que parece, veem uma boa perspectiva na obrigatoriedade do espanhol. ;É importante ter inglês e espanhol. E eu, por exemplo, provavelmente não faria o curso em outro lugar. Então, na escola, eu aprendo pelo menos o básico;, comemora a aluna Gabriela Vieira, 14 anos. Moara Ribeiro, de 16, lembra da importância de os brasileiros aprenderem a língua: ;No nosso continente, somos os únicos que não falamos espanhol;.

Mas para a aluna Marina Miranda, 16 anos, o espanhol só vai funcionar se for bem ministrado. ;A gente vem aprendendo o básico para fazer o vestibular. Então, o ensino deveria ser aprimorado para que o objetivo principal tenha realmente resultado.;

Na última terça, em São Paulo, durante lançamento de programa que amplia o ensino de língua estrangeira complementar para alunos do 2; e 3; ano do ensino médio, o governador José Serra afirmou que a lei foi ;realmente uma coisa atropelada;. Ele disse ainda que não será criada uma estrutura permanente para o programa, já que as aulas são opcionais. (LS)