Jornal Correio Braziliense

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Tremores de terra passam a ser monitorados no Rio Grande do Norte

UFRN começou a instalar instrumentos na provável área do epicentro. Defesa Civil estuda elaborar cartilha para a população

O Laboratório de Sismologia da UFRN começou a instalar, ontem, equipamentos de monitoramento na região que compreende João Câmara, Poço Branco e Taipu, onde imagina-se que esteja o epicentro dos dois tremores de terra ocorridos no sábado e na segunda-feira passados, respectivamente. Enquanto o primeiro abalo foi pouco sentido, o segundo deixou a população do Rio Grande do Norte e de outros três estados do Nordeste assustada. Até o momento, estima-se que a magnitude do tremor ocorrido por volta das 13h do dia 11 de janeiro tenha atingido 3,8 pontos na escala Ritcher, sendo o primeiro de 3,0, embora especialistas garantam que terremotos de até 6,0 pontos causem poucos danos.

Coordenador do laboratório, o sismólogo Joaquim Ferreira informou, ontem pela manhã, que não havia informações mais esclarecedoras em torno dos abalos e o local exato do epicentro. Segundo ele, a equipe que tem acompanhado os registros dos dois abalos ainda está analisando os dados e instalando equipamentos de monitoramento na região onde pode estar localizada a origem dos abalos sísmicos. "Enquanto isso, estamos monitorando o solo através de um sistema de registro direto, online e via satélite", disse. Chamadas O segundo tremor de terra mobilizou autoridades estaduais e do município de Natal, que decretaram estado de alerta para o caso de novos abalos. O fenômeno também foi assunto principal nas rodas de conversas e redes sociais na internet, e muitas pessoas telefonaram para 193, número do Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (Ciosp) para obter informações acerca do segundo abalo, assim como questionar sobre eventuais medidas de segurança. Para se ter uma noção de quantas ligações foram recebidas, a central informou que, no período entre 13h e 14h da segunda-feira, a demanda aumentou em 50% sobre a média de oito mil chamadas registradas todos os dias. Apenas três ocorrências reclamavam de possíveis danos estruturais em residências, mas o ocorrido anteontem não deixou vítimas e nem danos estruturais em edificações da capital, informou Sérgio Leocádio, secretário da Defesa Civil do Município. "Não houve nenhum dano físico ao patrimônio de Natal. A repercussão maior do tremor é a psicológica. A população ficou com medo", observou o secretário. Orientações Segundo ele, uma equipe da prefeitura esteve em regime de plantão durante toda a tarde e noite de segunda-feira, prosseguindo na madrugada de ontem, mantendo constantes contatos com a UFRN e até mesmo com a delegacia de João Câmara. Leocádio anunciou ainda a elaboração de uma cartilha contendo dicas à população de como proceder em virtude de abalos sísmicos. "Mas, a gente está avaliando se vale a pena divulgar. Às vezes, uma ação como essa pode ocasionar uma sensação de pânico. Precisamos manter a calma e a tranquilidade", recomendou. Em cidades como Poço Branco, Taipu e João Câmara, região entre 45 e 80 km da capital onde os tremores podem ter começado, algumas residências sofreram rachaduras, gerando pânico na população, que teme o risco de desabamentos em virtude de novos tremores. "Já solicitamos desses municípios um levantamento das ocorrências de rachaduras para, assim, analisar se elas já existiam, foram agravadas ou surgiram em decorrência dos tremores. Felizmente, não houve nenhum caso mais grave", reforçou Marta Geíza, coordenadora de Defesa Civil do Estado. Ela disse que, ontem à tarde, prefeitos dessas cidades se reuniram com representantes do governo do Estado, da Prefeitura e da Universidade para dialogar acerca das devidas providências no sentido de orientar a população e estabelecer contingentes para o caso de emergências. "Quando há um, é normal que outros abalos aconteçam na sequência. O que não sabemos precisar é sua intensidade. O fato é que estamos em constante contato com os Bombeiros e os técnicos da UFRN", informou Marta.