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Defesa Civil diz que não há o que fazer para evitar transbordamento do Rio Atibaia

Brasília - O coordenador da Defesa Civil do município de Atibaia (a 69 quilômetros da capital paulista), Paulo Catta Preta, informou à Agência Brasil que não há o que fazer para evitar o transbordamento do Rio Atibaia, caso haja novamente a necessidade de abrir as comportas das represas que alimentam o Sistema Cantareira, o mais importante no abastecimento de água portável à população de São Paulo. Ele explicou que o rio recebe as águas de duas represas: Cachoeira, que vem da cidade de Piracaia, e Atibainha, que vem do município de Nazaré Paulista. Ontem (11), a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), responsável pelo Sistema Cantareira, informou que a capacidade de armazenamento está no limite (97,5%). Se voltarem a ocorrer chuvas de grande intensidade, a empresa poderá ser obrigada a jogar o excesso de água para o leito dos rios. Diante disso, Atibaia e mais duas cidades - Piracaia e Bom Jesus dos Perdões - são as mais ameaçadas de enchentes. De acordo com Catta Preta, isso já ocorreu e teria sido o motivo para as inundações registradas desde dezembro último. Ele informou que cerca de 600 famílias das áreas ribeirinhas foram afetadas. Dessas, 80 ficaram desalojadas e quatro desabrigadas. Em consequência, na quinta-feira da semana passada (7), as autoridades municipais procuraram ajuda junto ao governo estadual e conseguiram a liberação de R$ 700 mil para a realização de obras de infraestrutura. Além disso, o município solicitou o repasse de recursos que serviriam para a distribuição da bolsa-aluguel . Também estão sendo criado espaços para abrigar até 150 famílias Entre os moradores atingidos pelas enchentes, segundo o coordenador da Defesa Civil, estão tanto proprietários de lotes legais quanto ocupantes de áreas ilegais, originários de movimentos de invasões. No caso dos primeiros, uma lei municipal vai isentá-los do pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e da tarifa de água e esgoto por um período de três meses. Ele afirmou que a forma como vêm ocorrendo as inundações é um fato inédito. ;É a primeira vez que enfrentamos essa situação desde 1973, quando foram formadas as barragens; a gente vem monitorando o sistema, mas sabemos que [técnicos da Sabesp] não terão como segurar as águas;, disse Catta Preta, acrescentando que a vazão do rio está com 31 metros cúbicos por segundo, dez acima do normal, e só mais dois - entre 23 e 24 metros cúbicos - seriam suficientes para o transbordamento. Em Bom Jesus dos Perdões, a 80 quilômetros de São Paulo, os moradores mais atingidos são do condomínio Atibainha, um loteamento clandestino, conforme relatou o coordenador da Defesa Civil do município, Ornezindo Bueno. Ele contou que o Departamento da Defesa Civil foi criado no ano passado. ;Estamos no primeiro mandato e já enfrentando essa situação meio feroz;. Segundo ele, quase todas as 47 famílias desse condomínio tiveram de buscar abrigo em casa de parentes, amigos ou mesmo ;se virar com imóvel alugado;. Dessas, apenas duas permanecem no local, mas para evitar que as residências sejam saqueadas. Outras 120 famílias que vivem no bairro Marinas também correm o risco de ter as casas inundadas se o volume de chuvas voltar a aumentar sobre a represa de Nazaré Paulista, que desemboca na cidade. A Agência Brasil também procurou as autoridades da cidade de Piracaia, mas não recebeu retorno.