Enviado Especial
Angra dos Reis - Os trabalhos de resgate nos escombros na Enseada do Bananal, na Ilha Grande, a maior do arquipélago de Angra dos Reis (RJ), estão chegando ao fim. Embora tenha estimado inicialmente em pelo menos 40 mortes no deslizamento ocorrido na noite da virada do ano, o comandante-geral do Corpo de Bombeiros e subsecretário de Defesa Civil Estadual, coronel Pedro Machado, informou que apenas mais três corpos são procurados, totalizando 32. São duas turistas de Arujá (SP) e uma moradora da praia, pessoas que tiveram o desaparecimento reclamado por familiares, disse. No Centro de Angra, três pessoas continuam desaparecidas no desmoronamento no Morro da Carioca, onde já foram localizados 17 corpos. No total, 46 já foram achados. Em todo o país, são 81 mortos.
[SAIBAMAIS]Ontem, a única vítima encontrada foi uma moradora da Praia do Bananal aumentando para 29 o número de pessoas retiradas dos escombros sem vida, até as 18h, pela força-tarefa montada na região por bombeiros, homens da Defesa Civil, polícias Militar, Civil e da Marinha. Uma das turistas desaparecidas, Emanuelle Rodrigues, de 33, era noiva do filho do prefeito de Arujá. Para auxiliar nas buscas, um grupo de mergulhadores do Corpo de Bombeiros desembarcou na tarde de ontem na enseada. Três retroescavadeiras e cães farejadores são usados na operação. Segundo os bombeiros, como há animais mortos no meio dos escombros, o trabalho executado pelos cachorros é prejudicado.
Yumi
Encontramos o corpo da Yumi entre dois colchões, coberto por muita lama. A afirmação é de um militar do Corpo de Bombeiros que participou das buscas às vítimas do deslizamento que atingiu a Pousada Sankay e sete casas da Praia do Bananal, em Angra dos Reis. Como não foi autorizado pelo comandante-geral da corporação e subsecretário de Defesa Civil Estadual, coronel Pedro Machado, a dar entrevista, ele pediu anonimato. O bombeiro foi um dos primeiros a chegar ao local da tragédia ocorrida na madrugada do dia 1 e confessa ter se assustado com o que viu. Ele ajudou a resgatar os corpos de Yumi Imanishi Faraci, de 18 anos, filha dos donos da pousada, os mineiros Geraldo e Sônia Faraci, e dois amigos da garota, o casal de namorados Isabella Godinho, de 20, e Paulo Sarmiento, de 27.
A Yumi dormia em colchões que estavam no chão do quarto da pousada que foi destruído e por isso seu corpo estava envolto neles. Foi difícil encontrá-lo tamanha a quantidade de lama, pedras e troncos que desceram da encosta, um resgate muito dramático, ressaltou o bombeiro. De acordo com ele, os corpos de Isabela e Paulo foram resgatados num raio de aproximadamente 10 metros quadrados do ponto onde a filha dos donos da Sankay foi encontrado. Também dormiam no quarto outros cinco amigos de Yumi: Luciana Rattes, Eric Crevels, Cristiano Dayrell, Natasha Fernandes Marcondes e Gustavo Pucci, que conseguiram escapar da tragédia.
O prefeito de Angra dos Reis, Tuca Jordão (PMDB), decretou calamidade pública no município e anunciou a remoção de pelo menos 200 famílias que moram em áreas de risco. O trecho da BR-101 (Rodovia Rio-Santos), na entrada da cidade, que havia sido interditado no sábado por causa dos deslizamentos de terra, foi liberado em pista única, informou o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antonio Pagot.
Momentos de dor
Desde a chegada dos primeiros corpos resgatados da tragédia o Instituto Médico Legal do Rio se transformou em centro de peregrinação e dor. Sentimento que vai se agravando, à medida que passam os dias, para aqueles que ainda não conseguiram notícias de pessoas desaparecidas desde o réveillon. Enquanto muitas famílias já enterraram seus parentes, gente como o aposentado Norberto Reis ainda vive o drama de não saber o paradeiro de familiares. Ele busca notícias da filha, a gerente de vendas Fernanda Moraca Reis, de 27. Ela e a jovem Emanuelle Alves integravam o grupo de 17 turistas de Arujá (SP) que passava a virada do ano no local do desastre e são as únicas que ainda não foram localizadas.