Jornal Correio Braziliense

Brasil

Olimpíada de Matemática começa a ter efeito na educação básica do país.

Levantamento do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) mostrou que a Olimpíada Brasileira de Matemática nas Escolas Públicas (Obmep) ; que já está em sua quinta edição ; começa a influenciar positivamente o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) no país. Segundo o instituto, que divulgou o resultado da Olimpíada na semana passada, o impacto foi registrado nas primeiras séries do ensino fundamental, e o índice subiu de 3,8 em 2005 para 4,2 em 2007. O crescimento, aparentemente, não surpreendeu os professores de matemática, que acreditam que o nível dos competidores está muito acima do que é dado dentro das salas de aula. E afirmam que o bom resultado também pode ser visto com os estudantes do ensino médio.

Para o professor Túlio Guimarães Marques, que criou, no curso Pódion, uma turma focada apenas nas Olimpíadas, só participa da competição quem realmente gosta de matemática e se dispõe a aprender um conteúdo mais completo. ;Os competidores têm sucesso não só em matemática, mas também em todas as outras matérias de exatas. E, por aprender mais, eles conseguem resolver qualquer problema. Por isso, o resultado do levantamento do Inep;, afirma.

Marques destacou ainda que esses alunos ficam tão bem preparados que muitas vezes são chamados para participar de competições em outros países. ;Os vencedores vão para um instituto no Rio de Janeiro fazer um curso de extensão e, muitas vezes, já saem de lá com bolsas para outros países.;

Alunos de Brasília, que competiram com 19,2 milhões de estudantes e se destacaram nas Olimpíadas, também encaram o resultado com naturalidade. Lucas Daniel Gonzaga, por exemplo, não gostava de matemática, mas quando, por influência de um professor, começou a competir, passou a ter gosto pela matéria. Os bons resultados foram uma consequência do estudo.

;O nível para as Olimpíadas é muito grande, mas, graças a elas, já consegui passar nos vestibulares do ITA e do IME;, conta o garoto de 17 anos, que ficou no 6; lugar geral da edição deste ano.

Felipe Mendes encarou a Olimpíada pela primeira vez e já começou bem. O estudante ficou em 3; lugar entre os alunos de Brasília e, no geral, acabou em 35;. E considerou a prova com um nível bom, o que, para ele, aumenta mais ainda a vontade pelo desafio.

O 5; lugar entre os concorrentes do ensino fundamental ficou com Henrique Fiúza. Para o aluno, participar da competição ajuda a desenvolver ainda mais o raciocínio. ;Eu acho muito fácil o que é dado na escola e, por isso, eu gosto de participar. Cada ano, a competição fica mais difícil e exige uma preparação maior de nós, estudantes. E, se hoje, já me ajuda no dia a dia, acredito que no futuro vai ser melhor. Quero ser engenheiro;, conta Henrique.

Em Brasília
Apesar do bom resultado e da pesquisa do Inep, o professor Ismael Xavier acredita que os estudantes de Brasília teriam um melhor resultado caso a capital também realizasse uma competição regional, assim como acontece em outros estados. ;São Paulo, por exemplo, realiza uma competição regional antes de os estudantes irem para a nacional. Eu já entrei com pedidos na Secretaria de Educação para implantar uma aqui em Brasília, mas não fomos atendidos. Se tivesse, com certeza nossos alunos já entrariam no espírito de competição e chegariam mais preparados para competir com os outros estados;, explica Ismael.

O gerente de ensino fundamental da Secretaria de Educação, Luciano Barbosa, disse que nunca soube da solicitação. E que se a demanda for de toda a rede pública de ensino, a secretaria irá colocar em prática. ;Tudo que vem para acrescentar é muito importante. Principalmente na área de educação;, afirma.

Ele disse ainda que a secretaria vem realizando um trabalho nas escolas para incentivar os alunos a participarem das Olimpíadas. ;O Distrito Federal alcançou um resultado muito bom nesta edição. Conseguimos várias medalhas de ouro. Os alunos não são obrigados a participar, e mesmo assim, temos um número significativo, somos bem representados na competição;, completa.