O advogado do ex-ativista político italiano Cesare Battisti, Luís Roberto Barroso, minimizou hoje (16) as chances de recuo do governo brasileiro no caso, embora o Supremo Tribunal Federal (STF) tenha aberto uma brecha para que um eventual descumprimento do tratado de extradição firmado com a Itália seja questionado na Justiça.
O Supremo decidiu hoje (16) que a autorização para a extradição de Battisti não precisa ser seguida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas sinalizou que a decisão do presidente deve ser tomada dentro dos limites do tratado.
;Não há razão para supor que o presidente vá voltar atrás em relação à posição anteriormente assumida por seu governo e entregar Cesare Battisti", diz o advogado, em referência à concessão do refúgio político ao italiano pelo ministro da Justiça, Tarso Genro.
Para Barroso, o presidente Lula tomará sua decisão com base na Constituição e nos princípios que regem as relações internacionais do Brasil. ;O Brasil tem uma longa tradição humanitária e de proteção aos direitos humanos;, afirmou.
Provocado pelo governo da Itália, o Supremo retificou o resultado do julgamento de 18 de novembro no qual a extradição de Battisti foi autorizada. Os ministros acordaram que a decisão do STF não é vinculativa ao presidente da República, mas retiraram da proclamação do resultado do julgamento o termo ;discricionário;, que dava total liberdade ao presidente Lula para decidir o futuro de Battisti.
Com a retificação, o Supremo abre a possibilidade de Lula ser responsabilizado caso descumpra o tratado de extradição com a Itália.