Jornal Correio Braziliense

Brasil

Enem tem recorde de faltas, com índice de abstenção superior a 40%

Taxa é a maior já registrada desde a criação da prova, em 1998

Desacreditados com o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) depois do vazamento das provas em outubro, pelo menos 1,6 milhão de estudantes deixaram de fazer os testes ontem e sábado. A abstenção estimada é de 40% entre o total de 4,1 milhões de inscritos - nos anos anteriores, a média oscilou entre 25% e 30%. Mesmo com a alta desistência, considerada a maior desde a criação da avaliação, em 1998, 2,5 milhões responderam as 180 questões - 90 em cada dia. O estado com maior ausência de alunos foi São Paulo (46,9%). Ao analisar o ocorrido, o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Reynaldo Fernandes, justificou a elevada taxa devido ao distanciamento do período de inscrições (19 de julho) até a aplicação dos exames. "Quanto maior o espaço de tempo entre a confirmação e o exame, maior o número de desistentes", afirmou. Dados mais detalhados do processo devem ser divulgados nesta semana. Questionado sobre uma possível perda de credibilidade do Enem em virtude da fraude, o que fez postergar as provas, que deveriam ocorrer inicialmente em 3 e 4 de outubro, Fernandes minimizou o vazamento dos testes. "O grande número de participantes, mesmo com esse problema, mostra que a imagem não foi afetada", explicou. %u201CSão 2,5 milhões de estudantes que fizeram o novo exame, enquanto cerca de 1,8 milhão de alunos concluem o ensino médio no Brasil todos os anos", completou, lembrando que a soma de todos os vestibulares nas instituições de ensino superior não chega a 2,2 milhões de alunos. A liderança de São Paulo no ranking de abstenção, que teve mais de um milhão de estudantes inscritos no Enem, é atribuída ao fato de a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Fundação Getulio Vargas (FGV) e a Pontifícia Universidade Católica (PUC) desistirem de utilizar a nota do exame como forma de ingresso às respectivas instituições depois do vazamento das provas. Apesar do desfalque desses centros paulistas, a avaliação nacional vale como forma de ingresso direto em 23 universidades federais e 26 institutos federais de ciência e tecnologia. Outras 20 instituições federais vão utilizar o Enem de alguma maneira em seus processos de seleção. Uma das estudantes que, apesar de ter feito a prova no sábado, não conseguiu prestar o exame ontem, é Ariele Rodrigues, 21 anos. "O prejuízo é enorme", lamentou a moradora de Taguatinga, que chegou atrasada ao Centro Universitário de Brasília (Uniceub). O único local do país onde o Enem será reaplicado, entre os 1.810 municípios onde estudantes realizaram as provas, é Brejetuba (ES). Por ter decretado estado de calamidade pública, devido às chuvas, os alunos da cidade realizarão o exame em 5 e 6 de janeiro de 2010. Entrevista com o presidente do Inep, Reynaldo Fernandes