A orla carioca reafirmou neste domingo (22) sua vocação de palco de manifestações variadas nos fins de semana. Num período, cerca de 2 mil pessoas participaram, na Praia de Ipanema, do protesto contra a visita do presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, que chega amanhã (23) ao Brasil. Em outro, na Praia de Copacabana, o manifesto foi pelo fim da violência contra as mulheres.
O movimento em defesa das mulheres, coordenado pela organização não governamental Agende (Ações em Gênero, Cidadania e Desenvolvimento) contou com a participação da ministra especial de Políticas para as Mulheres, Nilcéia Freire, e do presidente da BR Distribuidora, José Lima de Andrade Neto.
A ministra falou sobre o número telefônico 180 para denúncias de abusos contra meninas, adolescentes e mulheres adultas em todo o país. Segundo ela, 16 unidades móveis vão percorrer 150 postos de combustível com a bandeira BR (Petrobras), orientando seus funcionários sobre a questão.
"Os operadores dos postos estarão conscientes de que podem ajudar com informações, passadas, principalmente, aos caminhoneiros sobre a exploração sexual infantil", disse Nilcéia Freire, lembrando que este é o quarto ano seguido em que a BR Distribuidora participa da ação da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República.
Andrade Neto contou que o sistema Petrobras está engajado na campanha da violência contra mulheres. "Esta é uma luta que transcende a brasilidade, é uma questão internacional, que diz respeito às mulheres e ao respeito pelas pessoas em geral", observou. A manifestação na Praia de Copacabana fez parte da campanha "16 Dias de Ativismo", iniciada dia 20.
A outra manifestação, na Praia de Ipanema, reuniu representantes judeus, islâmicos, umbandistas, candomblecistas, evangélicos, católicos, ciganos, ativistas dos movimentos negro e gay, contra a visita do presidente iraniano.
"Nossa intenção é manifestar oposição a tudo o que o presidente do Irã significa", declarou Michel Gherman, do Hillel Rio, representando a comunidade judaica na manifestação. "O que nós queremos é que o presidente Lula levante essas questões diretamente a ele, inclusive porque o Brasil é um país tolerante sob todos os aspectos."
Porta-voz da Comissão Contra a Intolerância Religiosa, Ivanir dos Santos lembrou a passeata de setembro, em Copacabana, pela liberdade religiosa e disse que "negar o holocausto é como negar a escravidão".
"Precisamos estar atentos a todas as declarações e atos discriminatórios para nos posicionarmos sempre do lado da tolerância, na defesa das liberdades, a começar pela religiosa. No Irã, muitas minorias religiosas sofrem perseguição", afirmou referindo-se a comentário de Ahmadinejad, feito durante a semana, em que o presidente iraniano questionou que tenha havido, no passado, o Holocausto.