Levantamento do Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos da Reforma Agrária da Universidade Estadual Paulista (Unesp) mostra que ocorreram 68 invasões no campo no estado de São Paulo no primeiro semestre deste ano, ante 36 no mesmo período em 2008. O resultado representa um acréscimo de 88% na quantidade de ações dos movimentos de sem-terra.
[SAIBAMAIS];Este ano, tivemos um novo indicador de crescimento de ocupações. Não sabemos ainda se é um indicador de crescimento isolado, ou se ele representa um novo período de aumento das ocupações de terra. Contextualizando isso na história, percebemos que a falta de políticas de desenvolvimento da agricultura familiar afeta o resultado;, explica o professor da Unesp Bernardo Mançano Fernandes, um dos participantes do levantamento.
Segundo o professor, a tendência de aumento e refluxo das invasões podem ser notadas, no passado, em duas ondas, uma no governo Fernando Henrique e outra no governo Lula. ;A primeira onda cresce com a luta pela terra e reflui com a criminalização pelas medidas provisórias que tentaram impedir o avanço das ocupações. A segunda onda cresce embalada pela esperança na primeira gestão do governo Lula e reflui, em parte, pelas políticas compensatórias do Programa Bolsa Família.;
O professor ressalta que as invasões atuais estão ligadas à disputa entre os dois modelos de agricultura existentes no país, o do agronegócio e da agricultura familiar. ;A expansão do território do agronegócio tem sido extremamente ofensiva, destruindo comunidades e florestas, ampliando seu controle sobre a terra e impondo o seu modelo. Evidentemente que para resistir os camponeses passaram a ocupar os territórios do agronegócio numa contraofensiva. Esta luta tem sido criminalizada pela mídia corporativa aprofundando a conflitualidade;.
O levantamento das invasões no estado de São Paulo foi feita com base em publicações da imprensa sobre as ações dos movimentos de sem-terra.