Jornal Correio Braziliense

Brasil

DF está na lanterna do programa que realiza acompanhamento médico em casa

Porta de entrada do paciente no sistema hierarquizado e regionalizado de tratamento, o programa Saúde da Família atua com ações de prevenção, recuperação, reabilitação e na manutenção do bem-estar da comunidade. Apesar da iniciativa ser ampla, as equipes do programa, em especial no caso do Distrito Federal, não recebem informações sobre enfermidades graves como câncer e Aids. No DF, 677 agentes comunitários atuam na disseminação do trabalho das equipes do Saúde da Família. O modesto número de profissionais coloca Brasília na última colocação, entre todas as unidades da federação, no número de pessoas acompanhadas e pelo programa e também no percentual de atendimentos: apenas 11,5%, ou 293.250 moradores da capital recebem a visita desses grupos. Mesmo com algumas deficiências, os usuários elogiam as visitas em domicílio e a qualidade do atendimento. Coordenadora da unidade básica de Saúde da Família na Estrutural, a enfermeira Vania Ignes prevê a realização de um curso de 300 horas/aula que deve ser oferecido às 85 equipes do programa no DF no próximo ano. "Ainda não está certo, mas é bem provável que ocorra. Além das informações sobre tuberculose, saúde mental, dengue e Aidip (atenção integrada às doenças prevalentes na infância), vamos inserir conteúdos sobre câncer e o vírus HIV", afirma. Satisfeito com a missão de ajudar a cuidar da saúde dos moradores da Estrutural, o agente de saúde Vandré Luis, 27 anos, não vê a hora de ampliar os conhecimentos e melhorar a qualidade de seu trabalho. "Nosso papel é muito importante, pois excede a constatação de uma doença. Verificamos também se a pessoa tem problemas sociais e, por exemplo, se o seu comportamento é agressivo." Mãe da pequena Camille, de apenas 1 ano e dois meses, a estudante Cecília Nunes, 19, é atendida há três anos pelo Saúde da Família. "Antes do nascimento da minha filha, já me tratava com eles, pois era epilética. É muito bom. Eles vêm em casa e atendem as pessoas que realmente precisam", elogia Cecília, enquanto realizava consulta com a dentista Elisabetta Ramos, 55 anos. Natural de Barreiras (BA), o pedreiro José Menezes, 23, marido da estudante, se diz satisfeito com o programa. "São bons profissionais que nos atendem em casa, sem precisarmos caminhar." Qualidade "Há uma ideia de que (o programa) é para pobres. Porém, é um atendimento de qualidade. Alguns setores são contra porque afeta o número de consultas dos médicos particulares", salienta o enfermeiro Mateus de Paula, 27 anos, que também integra a equipe de Vandré e Elisabetta. Cada equipe do Saúde da Família é composta de um médico, um enfermeiro, dois técnicos em enfermagem, quatro agentes comunitários (esse número pode chegar a seis), um dentista e um técnico em higiene dental. Ouça entrevista com a enfermeira Giovana Rezende Simino, autora do estudo sobre as equipes de Saúde da Família